Meus olhos param sobre você e ficam absortos. Você é uma
miragem de beleza e elegância que me prede como um ímã, como o olhar da fera
que mira sua presa. Acordo num átimo voltando a realidade que nos cerca sob a
luz do seu sorriso.
Minha
vaidade se sente acariciada ao caminhar ao seu lado entre os transeuntes do
lugar. Absolutamente ninguém, homem ou mulher, está tão bem, tão belamente
acompanhado quanto eu.
Enquanto
meu cérebro mantém o foco no trabalho, meu corpo inteiro reage a sua presença e
tenta desviar-me da razão. Quero ardentemente parar tudo e ficar ali, só
olhando você, apenas me deliciando com sua presença, mas, certamente, haverá
tempo para isso, depois.
Saímos
e a chuva forte concentra sua atenção. Aproveito para olhar sem pejo, admirar
longamente sua imagem ao meu lado. Você traduz muito mais que atributos
externos de beleza e elegância: induz segurança, confiabilidade, proteção e
carinho, competência, certezas, sinceridade. Seu sorriso é juvenil e há leveza
no que e como conversamos enquanto lá fora a chuva cai como mesmo vigor que
experimento nos seus braços.
Em nosso
pequeno pedaço de mundo, nosso refúgio de olhares indiscretos, mal posso
aguardar que se abram as portas para sentir sua boca cálida sobre a minha, esse
corpo que tanto admiro e amo a amparar-me ao tempo em que me lança em volutas
infinitas de prazer.
Rendida
a força do carinho e da ternura que recebo, me entrego inteira. Nada é tão
admiravelmente delicioso quanto ser seu objeto de prazer e mergulhar junto
nesse lago que lhe comprime as pupilas, mas dilata o mais belo sorriso em seu
rosto.
A
imagem que o espelho reflete alterna entre um rei poderoso e um menino arteiro,
ambos delicadamente lindos, sensualmente desejáveis, ardentemente amados.
Seu
abraço e a canção da chuva lá fora. Canção que nós dois escutamos. Suas
histórias, seu sorriso. Seu cheiro em minha pele, mesmo depois do banho. A
volta e a chuva que não para de cair... Lembranças que a canção da chuva agora
traz mais fortes.