Amazonas, 5766
Jerrez,
Eu não poderia ter pensado em algo melhor que vir ao Norte do Brasil. Uma experiência fascinante e de grande valia para a vida cotidiana, ao menos a minha.
Quando vivemos na cidade grande, mesmo não sendo Parador assim tão grande, vamos nos desvinculando de coisas simples, dos ritmos da natureza, e nos tornamos um pouco do concreto e do asfalto que nos cerca; voltar a por os pés, mesmo que calçados, em solo natural, respirar o ar produzido por árvores que não são o produto do jardineiro dedicado, mas a mão da criação, é algo que mexe profundamente conosco, ao menos comigo...
O rio Amazonas é fascinante e indescritível. É um mar de água doce e isso para mim era inimaginável até colocar meus olhos sobre ele e perder o fôlego, completamente tomada pelo encantamento da criação.
Ele, o rio, é como você : grande, poderoso, magnetizante, assustador mas ao mesmo tempo fascinante! Uma vez que se para em suas margens torna-se difícil ir embora, voltar a ser o mesmo de antes é impossível, esquecer o que foi visto e sentido está fora de qualquer possibilidade...
O verde das matas, o colorido das aves, a mansidão das águas, tudo remete ao infinito, ao momento mágico do fiat , ao começo do tudo quando éramos um com a terra, com a natureza, com o fogo criador.
As margens do Amazonas, com suas marés, fluxos e refluxos, nos remetem ao momento anterior ao Gênesis, ao silêncio primordial, antes do nada. É a ilustração do “Eu sou O que Sou” dito a Moisés. Não dá para falar, só sentir , aspirar e entender de uma forma singular que não passa pelo cérebro.
O grito primal sai dos igarapés e ressoa nas matas, repete-se nos raios de sol que teimam em filtrar-se pelas copas fechadas das altíssimas árvores,desliza no sabor exótico dos alimentos e na alegria simples do habitante nativo que jamais poderá pensar em água como recurso escasso e não renovável.
A sedução está latente em cada fruto saboroso e belo, na exuberância das cores da vegetação ou no perfume das flores. Nasce com as meninas, pequenas Yaras dessas terras Tupy.
A região amazônica é apaixonante, mas é mais que isso: é a vida pujante por si mesma!
Em tudo isso, faz falta não lhe ter por perto para compartilhar, conversar, brincar e olhar o dia se esvaindo na barra do rio...
Sempre,