Olho sua imagem apequenar-se em direção
ao horizonte.
Seu passo firme voltou, sua forma sedutoramente despojada de caminhar também.
Paradoxalmente, quando mais sua imagem se apequena, mais aumenta em meus olhos. Meu coração se dilata numa sensação sempre nova de infinita ternura...
Seu passo firme voltou, sua forma sedutoramente despojada de caminhar também.
Paradoxalmente, quando mais sua imagem se apequena, mais aumenta em meus olhos. Meu coração se dilata numa sensação sempre nova de infinita ternura...
Perco-me entre lembranças. Um
turbilhão de sensações me povoa a pele, uma multitude de lembranças me acode a
mente. Há um mundo, uma vida vivida aos pedaços, deliciosas fatias saboreadas
contigo, como se sorver o inteiro pudesse nos matar!
Poderia? Acredito que sim!
Os remédios, assim como os venenos e as guloseimas, devem ser tomados em pequenas doses ou causarão grandes males. Assim também conosco: creio que uma grande e constante proximidade poderia envenenar-nos , fazer-nos cair no dia-a-dia que tantas vezes já beiramos.
Os remédios, assim como os venenos e as guloseimas, devem ser tomados em pequenas doses ou causarão grandes males. Assim também conosco: creio que uma grande e constante proximidade poderia envenenar-nos , fazer-nos cair no dia-a-dia que tantas vezes já beiramos.
Lembro de Paganini e seu concerto
com o violão de uma corda e de como passados tantos anos , ainda há entre nós
boas novidades a serem compartilhadas. Existem outras, tenho certeza, questão de
procurar.
Meus olhos molhados pelas emoções
que me invadem, enquanto conto contas de contar lembranças, lembram da primeira
vez que estive na proteção perfeita dessa envergadura de águia. Recua um pouco mais para
lembrar como foi difícil atender o telefone, como a voz não saía, como os
joelhos se recusaram a manter as pernas firmes... Avança um pouco e não era
possível trabalhar naquele dia, pois o pensamento vagava e vagava e quando
chegou à hora do almoço havia cola na cadeira: como me levantar se não era
possível?
Meus olhos arregalados diante de tanta beleza, meu corpo tremulo de uma excitação que nunca conhecera, todos os meus medos a flor da pele, toda a certeza de que estava irremediavelmente vencida...Eu ali, diante do máximo entre todos, eu tão pequena, tão incipiente diante de um mestre!
Meus olhos arregalados diante de tanta beleza, meu corpo tremulo de uma excitação que nunca conhecera, todos os meus medos a flor da pele, toda a certeza de que estava irremediavelmente vencida...Eu ali, diante do máximo entre todos, eu tão pequena, tão incipiente diante de um mestre!
Eu sob seus lábios em um beijo
roubado, eu sob a proteção cuidadosa do seu abraço vencida pela deliciosa
ousadia de suas mãos... Diluída numa onde de prazer que desde então só cresceu!
Eu sem saber exatamente como
agir: meu coração explodindo de uma ansiedade louca, de uma emoção descontrolada,
meu corpo eletrizado por um desejo que brotava profundo, de regiões que eu nem
imaginava... Eu hoje e a mesma energia percorrendo o corpo, disparando um coração descompassado
quando, debaixo do chuveiro, atendo o telefone...Você está vindo!
Nada mudou além do tempo, nada
mudou a não ser que agora me atrevo a lembrar de Paganini e sua serenata de uma
corda só!
Não, não é verdade que nada
mudou, tudo mudou!
Meus olhos se admiram ainda mais quando contemplam toda a extensão que você ocupa, meu ser esborda ante a expectativa de sua chegada, ante a lembrança de sua presença... Você chega e me cobre com seu carinho, com sua pujança, com seu desejo, com sua terna saciedade e quando se vai é como as enchentes do Nilo : eu sou as margens!
Meus olhos se admiram ainda mais quando contemplam toda a extensão que você ocupa, meu ser esborda ante a expectativa de sua chegada, ante a lembrança de sua presença... Você chega e me cobre com seu carinho, com sua pujança, com seu desejo, com sua terna saciedade e quando se vai é como as enchentes do Nilo : eu sou as margens!