terça-feira, setembro 18, 2012

Saudades ao fim da tarde!


Há dias como o de hoje, quando os antigos medos voltam a me visitar. Não mais me violentam, agridem, pegam pelo pescoço e torturam até as lagrimas... Não, mudaram de tática, chegam silenciosos, mansamente se instalam na janela, puxam conversa e no meio do nada apenas dizem: eu falei que isso iria acontecer, não falei?  Domingos ás quintas, Natais em novembro e ano novo em Setembro... E meus olhos rebeldes se recusam a marejar!

Sim, eles me avisaram, mas decidi resoluta arriscar a não ter direito de ver o sol escorrer mansamente na tua companhia, abri mão de passear a céu aberto, sorrir despreocupada, chamar teu nome no meio da noite, olhar a água matizada pelos reflexos da lua...

Algumas escolhas são leoninas: não há escolha, pois qualquer que seja a opção feita o que se perde é muito e o que explode dentro do peito é tão mais forte que arrebenta qualquer outra convicção, qualquer outro sentir, mover, pensar...

Foi assim comigo. A qualquer argumento contrário , meu coração, cansado de uma longa procura, só repetia, parodiando o poeta:” Eu sei quem és pra mim. Haja, o que houver espero por ti...” E assim, ainda agora, quando todos esses fantasmas voltam, quando o sol desce no horizonte e desejo que estejas aqui, comigo; quando percebo seu cheiro nos lençóis, na minha pele e por toda casa, como um carimbo poderoso que desperta tantas saudades, que insufla a vontade de te ter comigo, quando tantas e tantas imagens teimam em subir-me aos olhos na afirmativa do quão absurda é esse sentir, toco um fado e repito lentamente:

Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti

( pois )

Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...
Ó paixão
Nem a manhã
Apaga a luz que tem a chama do teu belo olhar
Neste silêncio em que eu aprendi
A ficar bem junto a ti
Neste silêncio que descobri
Quando estou bem junto a ti

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