Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
Luís Vaz de Camões (1524-1589)
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
Luís Vaz de Camões (1524-1589)
Um halo
doce e suave me envolve, um como pisar em nuvens. Não me inebria uma felicidade
avassaladora, mas antes me preenche uma calma, um acolhimento de tranqüilidade e
aconchego.
Em nossa vida diária, ao sermos apresentados as pontes
que temos pelo caminho, temos que saber quais ultrapassar, quais contornar e
quais explodir. Creio que ultrapassamos uma ponte importante embora não saiba
seu nome ou para qual direção nos leva. Apenas sei que precisávamos
ultrapassá-la e ela foi vencida com êxito.
Ao meu lado seu rosto sereno repousa, seu braço poderoso
me cinge ao seu corpo gostoso, nossas pernas se encaixam na simetria de
compassos semi-abertos.
Sua voz começa calma a falar de contos de contar
lembranças. Retroceder, apresentar quadros, desenhos, imagens. Desloco-me com
você, caminho pelos fatos, tento sentir, entender. Viro-me lentamente e seu
rosto está à altura do meu.
Uma boca linda, uma voz encantadora, narra fatos como se
escorregasse por plumas. Meus olhos se enchem de admiração silenciosa e
reverente.
Escorrego no seu abraço que me lembra que é hora de
soltar os ponteiros do tempo, maldito tempo que sempre me leva você! Será que
um dia ele me deixará saciar da sua companhia?
Em meus sonhos durmo na curva do seu braço, ao enlace do
seu abraço, na maciez do seu peito largo... Será um dia?
Por agora voltamos ao mundo dos homens e a cidade nos
recebe de braços abertos a exibir seu lindo colar de luzes. Descemos pelas
ruas, viadutos, avenidas. Não vá ainda!
Em casa há festa, musica e juventude. Forço o sorriso,
brinco, mas meu coração partiu junto com você, embora pela primeira vez, de
alguma forma, sinta que parte do seu ficou no lugar dele...
Levo às mãos ao rosto e você ainda está nelas. Seu cheiro
está pelo meu corpo, sua serenidade impregnou minha alma. Te quiero, mucho, mucho!
Já é noite. Faz frio. A lembrança do seu abraço me aquece
e embala. Quero sonhar com você, quero você, ao meu lado, sempre.
Fica?