terça-feira, setembro 18, 2012


Gostaria de ter o dom da pintura para melhor expressar a beleza que guardo registrada em minhas recordações. Palavras são palhetas pobres para descrever sua beleza e tudo que em mim produz, como se um turbilhão de cores me invadisse  em forma de emoções .

Ergo os olhos e contemplo sua cabeça reclinada sobre minhas espáduas. Digno de Monet, caber-lhe-ia o nome de suave descanso ou doce arrepio, pois é o que sinto quando seu rosto toca minha nuca com a branda firmeza de quem sabe o quer e como conseguir.

Semicerro os olhos para apreender o espetáculo de suas mãos que, ladeando minha cabeça, equilibram com graça o peso do seu corpo, toda essa majestosa envergadura que tanto me fascina. Para elas, suas mãos, não mais que uma pena, um equilibrar-se seguro na força dócil dos seus braços de Adônis.

Como descrever, sem tintas ou pincéis, sem a virtuose de um Botticelli, de um Rafael, o perfeito encaixe dos corpos nas ondulações sensuais de momentos únicos? A perfeição de um sorriso que parece descer diretamente dos querubins para avalizar o gosto de um momento irretocável?

Como descrever o abraço que me tira o fôlego e me devolve a vida sem parecer contraditória? Palavras restringem o que a imagem alarga. Minha cabeça afundada no seu peito e o cheiro de terra quente, o toque macio da pelagem farta, o carinho perfeito na hora exata...

Gostaria de ser pintor, mas não o sendo, gostaria de ser poeta e exaltar em odes perfeitas, versos alexandrinos, toda a exuberância que me invade quando seu corpo toca o meu...

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