Criei barreiras para me proteger de você, construí muros, barragens, levantei cercas imaginárias, proteções intelectuais, me convenci de sua partida enquanto seu cheiro era tatuado em minha pele.
Contei a mim mesma, inúmeras vezes, como seria sua partida e a mim mesma respondi que não sofreria porque tudo era sazonal, passageiro...
Deixei claro, em longos e coerentes discursos internos, que você não era mais que um acidente eventual de percurso, enxuguei a possibilidade de qualquer lágrima, vesti-me da couraça indiferente e parti segura ao encontro dos seus braços
Você cresceu dentro de mim. Suas águas se avolumaram, fizeram pressão contra as paredes criadas, arrebentaram a barragem, inundaram meu ser e, de repente, tudo que eu tinha para me mostrar o caminho era a sua imagem gravada em minha retina.
Quase afogada, submersa nos meus próprios sentimentos, seu braço me vestiu no abraço salva-vidas que manteve minha cabeça à tona. Respiro e o ar está impregnado do seu cheiro. Encho os pulmões quase colados, a vida retorna lentamente. Abro os olhos e vejo você.
Seu sorriso menino, tão homem, é sol que esquenta e acalenta e só saber-lhe é suficiente para dilatar-me em vida.
Abraço seu tronco perfeito e me aninho na curva do seu braço. O abraço que me veste, conta as vértebras distraído, tem a perfeita sincronia de estar em casa, no ninho.
Meu sorriso suave, escondido no manto do seu peito, reconhece a ineficácia de minhas proteções... Você faz parte de mim!
Um comentário:
Ineficácia... adorei! Melhor render-se, finalmente!
Postar um comentário