domingo, novembro 22, 2020

Final de Tarde

Vi a tarde escorrer pela janela e a noite chegar sutilmente.

Enquanto os últimos raios do sol foram substituídos pela lâmpada do poste em frente, eu só queria que você, por alguns minutos, estivesse aqui.

Meu desejo é frugal, simples como uma tarde de outono. Resumia-se em deitar a cabeça no seu peito largo, aconchegar-me entre seus braços, sentindo suas mãos deslizarem pelos meus cabelos e, de olhos fechados, aspirar seu cheiro, desfrutando a proteção que emana de você.

Nada mais que desfrutar da largura e força de sua presença,

da suavidade do seu carinho, do prazer de saber que existe alguém maior, mais forte que eu e relaxar tranquila, cedendo o controle por alguns minutos.

Na tarde que escorreu rapidamente, seu sorriso luminoso teria segurado o sol por mais horas, preenchendo de forma absoluta todos os espaços vazios, devolvendo-me absolutamente a sensação de pertença que tanto procurei por toda a existência...

Sento para um café. O lugar vazio, aumenta a força da sua ausência. Sua xícara pousada, à espera que você venha juntar-se a nós, me repreende silenciosamente: Como eu deixei você partir?

Sorrio sem jeito e num sussurro respondo que não foi culpa minha, mas ela não me ouve e projeta nas minhas lembranças seu sorriso luminoso, o som de sua voz enchendo toda a casa, mesmo quando falava baixinho, seu cheiro na minha pele, nos meus lençóis, em mim mesma..

Seu sorriso brilha sobre toda as minhas lembranças como um segundo sol que  se apaga em contato com a realidade, fria e escura como a noite que já reina absoluta lá fora... Só lá fora? Aqui dentro faz frio, muito frio.




 

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