Deita aqui, ao meu lado,
amor, e aquece o meu corpo com a doce tepidez da tua pele. Aconchega meu corpo
ao teu para que me sinta amparada pela envergadura dos teus ombros, ao encontro
do teu peito.
Deixa que minha cabeça cansada pelas lutas insanas penda
descuidada na curva do teu pescoço enquanto teus braços me enlaçam na suave e
silenciosa promessa de proteção.
Que eu possa ouvir a canção do seu coração ressoando
através do teu peito macio, como um acalanto de ninar, como se eu fora uma
criança com medo de dormir.
Vem, eu te rogo, e encaixa-me de encontro a ti. Deixa que
nossos corpos se emparelhem e descansem juntos por alguns momentos até que as
nossas forças se recomponham e possamos encetar novas batalhas.
Prende-me entre teus braços, com a suavidade das cordas
ternas, a fim de que eu saiba, sem que seja necessário que digas, que nada
humano nos separará, que nenhum mal se abaterá sobre mim, pois esses braços são
muralhas fortificadas que me manterão a salvo para sempre.
Fica ao meu lado até que o sol renasça e toda a escuridão
desapareça e se vá o frio com os primeiros raios do sol. Temo a noite e a
escuridão. O frio e o orvalho poderão encrestar-me a pele, tirando-me o viço e
a beleza e então não me reconhecerás. Segura-me, de encontro a ti para que teu
calor me mantenha viçosa como uma flor do campo que renasce a cada raio de sol.
Deixa que meu sexo repouse suavemente de encontro ao teu,
quando chegar a hora que devemos dormir. A doçura do descanso deve ser igual à
alegria da festa, pois um e outro são partes da vida como a noite e o dia.
Que se sucedam as estações sem que nos apartemos, pois os
caminhos são longos e desertos e o caminhar sozinho é penoso à alma.
Abraça-me forte, amor, e não me deixes sentir frio ou
medo. Sou pequenina e teu regaço é grande e forte para abrigar-me. Teus braços
são o porto mais seguro entre todos onde jamais aportei.
O que te peço é pouco, quase nada: abraça-me forte para
que eu não sinta medo, deita-te aqui, ao meu lado, para que eu não sinta frio e
aguarda comigo que chegue o alvorecer.
Adormeçamos juntos, pois o teu hálito é o sopro que me insufla
vida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário