quarta-feira, março 16, 2016

Io che amo solo te

 

Da janela avisto um braço do mar em sua elegante curva. Tem, ao meio dia, uma cor prata que reacende sua lembrança em minha mente.
Tudo o que é belo me lembra você. Viro-me para lhe chamar a ver o espetáculo e percebo que não está aqui. Pela primeira vez, em muitos anos, só sua lembrança me acompanhou nessa viagem.
Em todos os locais há um traço seu desenhado. Nos espelhos do quarto, na bancada do banheiro, na mesa da cozinha, na rede da varanda... Os recortes do oceano me machucam com uma força maldosamente suave: murmuram seu nome nas asas do vento. As folhas que balançam no alto das palmeiras e, com donaire, curvam-se ao toque do vento extraem de mim lembranças tantas...
Meus pés, caminhando a esmo, escrevem seu nome na areia molhada que o mar insiste em apagar. Só minha mente não consegue apagar você! E o sol que aquece a todos, queima-me a pele evocando suas mãos quando deslizavam sobre meu corpo.
Nada mais tem a cor ou o brilho de antes: sem você o mundo voltou a ser cinzento com pequenos pontos de luz.
Cadentes estrelas líquidas alojam-se nos meus cílios, brilham entre minhas pálpebras e caem pelo meu rosto...Existe apenas o vazio que toda beleza circundante faz ainda mais doloroso!





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