Da janela avisto um braço do
mar em sua elegante curva. Tem, ao meio dia, uma cor prata que reacende sua
lembrança em minha mente.
Tudo o que é belo me lembra
você. Viro-me para lhe chamar a ver o espetáculo e percebo que não está aqui.
Pela primeira vez, em muitos anos, só sua lembrança me acompanhou nessa viagem.
Em todos os locais há um
traço seu desenhado. Nos espelhos do quarto, na bancada do banheiro, na mesa da
cozinha, na rede da varanda... Os recortes do oceano me machucam com uma força
maldosamente suave: murmuram seu nome nas asas do vento. As folhas que balançam
no alto das palmeiras e, com donaire, curvam-se ao toque do vento extraem de
mim lembranças tantas...
Meus pés, caminhando a esmo,
escrevem seu nome na areia molhada que o mar insiste em apagar. Só minha mente
não consegue apagar você! E o sol que aquece a todos, queima-me a pele evocando
suas mãos quando deslizavam sobre meu corpo.
Nada mais tem a cor ou o
brilho de antes: sem você o mundo voltou a ser cinzento com pequenos pontos de
luz.
Cadentes estrelas líquidas
alojam-se nos meus cílios, brilham entre minhas pálpebras e caem pelo meu
rosto...Existe apenas o vazio que toda beleza circundante faz ainda mais
doloroso!
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