É sempre indescritível a
sensação que seu cheiro causa em mim. Nunca sei o que é mais forte, o q mais me
move, se sentir seu cheiro, ouvir sua voz ou ver você. A junção desses sentidos
opera uma revolução em mim. É como se um tsunami me varresse por dentro,
tirando tudo do lugar, de uma só vez.
Interessantíssimo, todavia, é
observar como todas as coisas jogadas para o alto ficam firmes ao simples toque
do seu braço, seja num abraço forte me prendendo pela cintura no meio da sala,
seja pelo toque de carinhosa firmeza que me vira sobre a cama. Suas mãos, seus
braços, seu corpo inteiro, como um poderoso maciço tem o dom de transmitir uma
segurança que coloca tudo em ordem, em fila...e me abro num sorriso bobo,
interno, de criança olhando arco-íris.
Não foi diferente hoje, e foi
pq não esperava você. Sem aviso prévio, sua chegada me puxou da cama, ainda
tonta, nesses primeiros dias de férias. Abri a porta e não acreditei nos meus
olhos. Completamente desalinhada, sem banho tomado, sem perfume e cheirando a
café, me senti tão desarmada quanto Hadassah
quando se apresentou a Xerxes, rei da Persia.
Sorri, porque sorrir é tudo
que se pode fazer nessas horas e também porque se não temos nenhum ornamento, o
sorriso pode ser o maior e o melhor deles. Sorri com a alma e meu sorriso
transmitiu toda a desconcertante felicidade de lhe ver aqui, na minha porta.
Vc entrou e como de sempre, enquanto
eu fechava a porta – um dia eu fecho e não abro mais, mas deixo vc aqui,
trancado comigo, rs – colocou seus acessórios sobre a bancada do móvel. O que
vc já não fazia há muito tempo foi me pegar pela cintura ali mesmo, em pé e no
meio do cômodo. Sem olhar as janelas , sem perguntar se havia alguém em casa,
simplesmente tomou posse do que era seu e me beijou profunda, gostosa e
provocantemente.
Lembro de forma vaga de suas
mãos pelas minhas costas numa insinuante exploração que desceu e brincou com a
aba não muito extensa do meu short matinal.
Adivinhei o trajeto que elas
fariam e de alguma forma, como no meio de um sonho, senti elas penetrarem o
tecido afastando-o delicadamente. Houve o murmúrio de uma palavra dentro da
minha boca. Deduzi que era “nova”. Entendi por meios transversos que talvez se
referisse a calcinha que pretensiosa tentava resguardar algo! Como se fosse possível
ou desejável conter suas mãos!
Não me lembro de detalhes – não
sei como chegamos no quarto – mas me recordo, a seguir, de sentir sua boca me
percorrendo inteira, me sugando como se eu fosse uma fruta madura e saborosa,
que merece ser lambida e chupada antes de ser comida, aos pedaços, como fome
degustativa.
Relembrar as sensações que o
contato da sua língua na minha pele provoca é quase um martírio. Deixa-me a
vontade acesa e o querer repetir isso como num loop infinito. Será que há um
bug na minha cabeça? Risos
E suas mãos sucederam sua boca
e vi no seu rosto aquele seu sorriso lindo de criança travessa. Ah, sim! Tenho certeza
de que você estava se divertindo com tudo aquilo e me diverti mais ainda. Foi bem
aí que ouvi aquela voz maravilhosa e seu comando encantado – me surpreendo como
um comando pode ser carinhoso e sensual, mas continuar sendo um comando! –: ‘Isso,
assim, goza pra mim...” Tudo que lembro é que no momento seguinte você era todo
meu dentro de mim e eu podia ver seu rosto tão perto que o segurei entre as
mãos! Por alguns segundos você era só meu, tão meu no seu prazer quanto eu sou
sua todo o tempo e essa diferença latente entre os gêneros faz com que seja
tudo assim gostoso e colorido e o corpo que arriou sobre o meu estava
divertidamente saciado e emanava um cheiro suave de acolhimento e carinho.
Respirei fundo, sentindo seu cheiro gostoso, mas gostoso que bolo de chocolate
quando está assando. E... acordei!
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