quinta-feira, junho 11, 2009

Suave Delírio

Dizem que a pantera, antes da atacar, emite um odor tão embriagador que sua presa fica imóvel, completamente hipnotizada, olho-no-olho, caçador e caça, não pode e não tem vontade de fugir...Siderada, espera passiva o bote fatal.

Entendo a presa da pantera negra, também eu na tua presença me sinto assim. Completamente incapaz de mover-me em outro sentido, só anseio por abrir meus lábios a receber os teus na ânsia deliciosa de uma terna fome.

Enquanto a tua língua passeia pela minha boca e a tua boca explora o meu corpo, tuas mãos tratam de não deixar espaço entre nós como a querer fundir-nos em uma única peça. Deslizo para um suave torpor, quase delírio, provocado pelo teu cheiro que penetra, profundo, nas minhas narinas, corrente sangüínea pulsante.

E minhas mãos tateiam incertas, encontrando os contornos largos, as formas masculamente belas, os teus pelos macios, a virilidade que explodirá como cem mil fogos de artifício quando chegar a hora, procurando os caminhos que me colocarão ainda mais vulnerável ao teu poder.

E esse explorar ,que conduzes com inebriantes sussurros, leva-me a fronteiras cada vez mais novas e mais desejadas, numa hipnose contínua.

Agora é tua voz que controla a cadencia, comando determinado de um ritmo único, só teu e tão meu que me assusta, enquanto teus braços – alças firmes ao meu redor - prendem-me com força progressiva.

Içada em tua direção, meu rosto se afunda no teu peito. Teu cheiro, tua força, tua posse, tudo em ti me solta de mim para projetar-nos no infinito.

Por um micro momento somos apenas energia, desprovidas de corpo, flutuando livres e tua volta faz-me ainda mais tua, mais suavemente entorpecida pela pressão da tua matéria.

Saboreio, com alegria infantil, o roçar suave do teu rosto no meu. Beijo esquimó que remete as lembranças lúdicas da infância, mas se reveste da sensualidade feminina que me despertas.

Olho-te e olhar-te é um desejo que nunca se finda, pois a cada momento mais se enchem os meus olhos da tua presença e mais espaço há para que lá repouses. Infinitamente orgulhosa de conter tua imagem em minha retina, encantas-me para que descanse na fortaleza do teu abraço...