sexta-feira, julho 12, 2013

A verdade só tem sentido quando é dificil admiti-la!

Como geralmente acontece, cheguei em casa, – deliciando-me com o aroma impregnado na minha pele- busquei  o aconchego dos lençóis para me deixar embalar pelas lembranças da tarde, repassando cada detalhe, cada pequena minúcia que meu cérebro registrou. Sentia em  mim que havia algo que necessitava ser dito, mas o calor das emoções, a força do momento,  fez desaparecer as palavras com medo de quebrar o encanto.

            Afundei  meu rosto em seu peito e me deixei descansar, quase sem conseguir respirar, prolongando ao máximo essa etérea sensação de magia, esse momento em que todas as grandezas físicas se diluem no éter e somos quase deuses!

            Em casa, sob o comando da razão, perscrutando cada momento à luz da inteligência, pude reviver todos os momentos sob uma nova perspectiva, novos sentires e agora encontrar as palavras que, se naquele momento não poderiam ser ditas, agora se alinham de forma mais inteligível, ainda que teimem em sair aos borbotões.

            Um desses autores, cuja leitura se encontra em moda, escreveu em um de seus romances a seguinte passagem: “E sei que passei todas as vidas, antes desta, procurando você. Não alguém como você, mas você!” E lendo essa citação foi que comecei a entender o que queria dizer e não sabia, não sei se por medo do encanto, se por pejo ou pudor de revelar-me mais que o necessário, mas começo por aí, começo citando o romancista do momento que, embora não faça meu gênero de leitura, disse exatamente o que eu queria e não conseguia dizer.

            E porque penso que por todas as vidas procurei por você? Não alguém como você, mas exatamente você? Nenhum dos homens que atravessou os 50 km de vida que já trilhei se parecia com você, nem física e nem emocionalmente, nenhum nunca se assemelhou a você e minha alma andou vagando, sempre buscando o que a completava, o que queria, o que a acalentava e  um dia encontrei alguém que sabe, sempre, exatamente dizer o certo para fazer com que eu me sinta bem, que sabe fazer sobressair o que de melhor há em mim, que saca, pelos meus olhos, as palavras que minha boca nunca diria...

            E em tua boca palavras que antes eram repulsivas, que eram inadmissíveis para mim, soam normais, sedutoras, atingem-me com a doçura de uma brisa, a delicadeza sensual de um carinho, a avalanche de um furacão  que me faz estremecer e mergulhar no profundo de mim mesma para voltar de um transe que eu própria desconhecia!

            Há muito em mim que não conheço, há mistérios que você desvenda  como se fossem seus e sendo-os meus, encanta-me ver como descobre em mim coisas que ignoro, e absorta no luzeiro dos seus olhos só consigo admitir que tem plena razão!

            E quando seus braços me abraçam – protegendo-me das sucessivas ondas de frio e calor – o mundo se torna um lugar seguro onde não temo o futuro porque ainda que não lhe veja você estará sempre comigo, ao meu lado.

            Sou obra imperfeita, ainda, das suas mãos hábeis. Como paciente escultor,  vai trabalhando a pedra bruta, lapidando suas arestas para que se torne a obra de arte perfeita, a sua criação e me deixo moldar, porque me sinto enriquecida pelo seu talento, pela sua arte que me faz melhor.

            E quando reflito sobre todas as coisas, todos os dias, todos os momentos, tudo que sei é que atravessava a vida sem sentido, sem razão, pela convicção de que não a podia interromper, mas depois que encontrei você entendi que tudo que me aconteceu desde que eu nasci me preparou para esse momento, o momento de lhe encontrar, tudo me preparou para o momento em que seus braços se fecham em torno de mim e sua boca sussurra ao meu ouvido: você gosta?