sexta-feira, julho 30, 2010

Entre Estações



E seus olhos se encheram da beleza contida na poesia do olhar, na ternura do perfume que atravessava o tempo e batia à porta dos sentidos para dizer olá! Sua pele estendeu-se numa fusão de aromas e texturas e a vida começou a resfolegar num crescente que ao modo de volutas elevava-se ao infinito.
Escorreram pelo azul doce de um céu sonhado perdendo-se no quase nada de uma trilha marcada por riscas de giz e no espaço que se ia abrindo a vida aflorava em plena primavera.
Os campos floriram à meia noite e o inverno se afastou célere para deixar espaço às rosas que apareciam e nos olhos de estrelas viu-se o sol que renascia!

E se as flores resolvessem desabrochar em pleno inverno, como ficaria a primavera?

E o fogo chegou sufocando tudo, destruindo a paisagem que insistia em nascer apesar do inverno, tentando matar a vida, como se vida após surgir pudesse ser sufocada. Na sua fúria, murchou as rosas, fez crescer os espinhos e encrestou a face da terra fazendo sua face corar de águas pingadas. Elevou suas mãos em direção ao firmamento na tentativa inútil de destruir as volutas de prazer que subiam como oferendas de incenso. A terra fechou-se em si mesma e abraçou os brotos de vida para os proteger do calor excessivo, o inverno curvou-se sobre ela refrescando seu coração com ternura, escondendo-se nas dobras da noite distante e o céu sorriu vendo seus filhos brincarem de até mais...

E se a chuva lavasse as cinzas e fizesse os brotos nascerem mais fortes?

Um comentário:

hiltonbesnos disse...

Poesia pura.
Um jeito só seu de escrver poesia como uma crônica.
Beijão,

hIL