quinta-feira, setembro 02, 2010

Encontro Casual

Encontraram-se, esbarraram-se pelas calçadas da vida, assim como não quer nada, sem razão ou causa.
Um terno azul e uma camisa branca. Um vestido preto, longo, de pequenas flores coloridas, uma blusa amarela. Esbarraram-se e desse encontro surgiu o desejo, a esperança. Brotou de um olhar, de um pensar involuntário, de um perfume no ar, a remota e intangível esperança de ser feliz.
Esperança de SER. O que seria ser para alguém que nunca foi? Deram-se os braços, aos abraços tatearam a descoberta sem saber ao certo, sem luz do sol, sem espaços abertos, mas com o toque decerto do cetim... Perfume de jasmim e lavanda ao sol da manhã, jardins de bergamotas e tantas corredeiras, trepadeiras, rosas mil.
O tempo passou por eles sem serem notados, sem jamais estarem rotos ou amarrotados, brincando no jardim do Pai eram filhos felizes em seu encontro inusitado.
Na Constancia desse brincar eterno nasceram a esperança e o desejo, quase gêmeos, e como Esaú e Jacó, o desejo veio segurando o pé da esperança que mansa cedeu seu lugar e força. O desejo alimentou-se de cada dia, de cada olhar e hora. Cresceu e floresceu forte e vital quase matou a esperança que aos trancos e barrancos insistiu em crescer.
Magra e mirrada, apagada como um não existir, não era vista e nem sentida, mas estava ali. Esperança de sempre quando se sabia nunca, esperança de um dia para o jamais, esperança de sempre para o só agora.
Foi quando o vendaval suspendeu o abraço e separou os braços que  a esperança mostrou sua força. Resistiu bravamente enquanto o desejo se consumia. Foi forte e disse resoluta: quem sabe um dia e ainda está lá, calada, esperando enquanto o desejo se desespera, descabela e quer que o tempo seja ontem...
Esperar é tudo que a esperança sabe fazer e esperar é uma forma de amar!