segunda-feira, junho 16, 2014

Súplica de Inverno

Deita aqui, ao meu lado, amor, e aquece o meu corpo com a doce tepidez da tua pele. Aconchega meu corpo ao teu para que me sinta amparada pela envergadura dos teus ombros, ao encontro do teu peito.
            Deixa que minha cabeça cansada pelas lutas insanas penda descuidada na curva do teu pescoço enquanto teus braços me enlaçam na suave e silenciosa promessa de proteção.
            Que eu possa ouvir a canção do seu coração ressoando através do teu peito macio, como um acalanto de ninar, como se eu fora uma criança com medo de dormir.
            Vem, eu te rogo, e encaixa-me de encontro a ti. Deixa que nossos corpos se emparelhem e descansem juntos por alguns momentos até que as nossas forças se recomponham e possamos encetar novas batalhas.
            Prende-me entre teus braços, com a suavidade das cordas ternas, a fim de que eu saiba, sem que seja necessário que digas, que nada humano nos separará, que nenhum mal se abaterá sobre mim, pois esses braços são muralhas fortificadas que me manterão a salvo para sempre.
            Fica ao meu lado até que o sol renasça e toda a escuridão desapareça e se vá o frio com os primeiros raios do sol. Temo a noite e a escuridão. O frio e o orvalho poderão encrestar-me a pele, tirando-me o viço e a beleza e então não me reconhecerás. Segura-me, de encontro a ti para que teu calor me mantenha viçosa como uma flor do campo que renasce a cada raio de sol.
            Deixa que meu sexo repouse suavemente de encontro ao teu, quando chegar a hora que devemos dormir. A doçura do descanso deve ser igual à alegria da festa, pois um e outro são partes da vida como a noite e o dia.
            Que se sucedam as estações sem que nos apartemos, pois os caminhos são longos e desertos e o caminhar sozinho é penoso à alma.
            Abraça-me forte, amor, e não me deixes sentir frio ou medo. Sou pequenina e teu regaço é grande e forte para abrigar-me. Teus braços são o porto mais seguro entre todos onde jamais aportei.
            O que te peço é pouco, quase nada: abraça-me forte para que eu não sinta medo, deita-te aqui, ao meu lado, para que eu não sinta frio e aguarda comigo que chegue o alvorecer.

            Adormeçamos juntos, pois o teu hálito é o sopro que me insufla vida!