
O sorriso que preenche o écran é pleno de uma luz quente e acolhedora. Por um momento me sinto aquecida.
Sorrio de volta. Adoro ver esse sorriso!
Do
outro lado, a imagem que sorrir é quase a mesma que me olhou séria, por sobre
os óculos, há 25/30 anos atrás. O terno
e a camisa são outros. O rosto talvez esteja um pouco menor, mas é a
mesma pessoa, o mesmo sorriso que chegava desejando feliz natal em plena
páscoa...
A
realidade me traga implacável. Não vejo seu sorriso há muito tempo, ao menos
não o vejo sobre mim há tempo demasiado para começar a sentir frio e fome dele.
Meu rosto inundado se crispa numa pergunta para a qual não tenho resposta e nem
mesmo você má dá: o que fiz para ser exilada da sua presença, para perder o
direito de me aquece ao calor do seu
sorriso? Lembro da ultima vez em que o vi, o sorriso, estava ali, completo,
luminoso, quente, aconchegante. Envolveu-me, enlaçou-me, escorreu pela ponta
dos seus dedos ternos, fortes, doces, exigentes mas recompensadores..e de
repente, do nada, pluft: perdi tudo, como se tivesse sido tragada por um buraco
negro de onde não consigo mais sair.

Não
quero lhe perder, mas não sei como lhe recuperar.
Uma
sombra enorme parece cobrir toda lembrança de quem fomos, de tudo que
vivenciamos, do quanto nos apoiamos, ajudamos, partilhamos de prazer, sorrisos ,
canções e lágrimas.
Nada é eterno, sem dúvida, mas ... É maior que eu a dor que
rompe por dentro e me desfaz em prantos ao ver esse sorriso lindo e pensar que
posso tê-lo perdido para sempre: sem uma palavra, sem uma explicação, sem um
motivo, sem ter feito nada para merecer isso!

Sinto
falta do seu sorriso, do seu abraço, do seu cheiro, do seu calor. Sinto falta
de brincar com seu cabelo macio, de afundar o rosto no seu peito e sentir seu
cheiro gostoso entrando em mim. Sinto falta do seu corpo sobre o meu, dos seus
braços me alçando como alavanca, dos seus dedos tamborilando minhas costas, numa
suave canção de sossego. Sinto falta do seu sorriso curtinho, pendurado entre
os olhos, escondido no canto da boca, e sinto falta daquele outro que vi em
Dezembro: pleno, radiante, luminoso.

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