sábado, dezembro 01, 2012

Tempus fugit!



O tempo corre, foge, devora a si próprio de forma voraz e quem se prende a ele torna-se refém do nada.
Proust gastou anos a fio para concluir sua obra Em Busca do Tempo Perdido findando por entender que não há tempo, que não se perde tempo, o tempo não existe, é uma criação referencial da mente.
Volátil, impalpável, o tempo é longo para quem espera, curto para quem realiza. Infindável para quem chora, fugaz para os momentos felizes. Uma eternidade para as crianças, um roçar de asas para os adultos... E lá vamos nós, nos prendendo a uma infindável lista de não tenho tempo, quando eu tiver tempo,não tenho mais idade, estou nova, estou velha...
Não estou velha e nem nova para nada que meu corpo queira ou meu espírito deseje! Não tenho tempo para pensar no tempo. Meu ministério, meu compromisso é ser feliz e se ser feliz é dançar na chuva, lá vou eu... meu chapéu roxo fica maravilhoso com meu vestido laranja e meus sapatos pretos, cano alto! Sou senhora, tanto quanto possível, da minha própria vida e dos meus próprios desejos.
Ninguém é velho demais ou novo demais para mim, para estar ao meu lado, a menos que se sinta assim e decline dessa deliciosa experiência que é viver!
Ouço expressões que não entendo e minha alma perplexa fica num limbo do falamos outro idioma! Coisas como “Sou muito mais velho que você”, “Não tenho um futuro para lhe oferecer”, “Estou na idade de terminar e não de começar novos empreendimentos” são expressões que minha alma não entende!
Simplesmente ela me responde que ninguém oferece futuro a ninguém. O futuro é uma conseqüência de cada nascer do sol. É uma decorrência de estarmos vivos e só o Criador pode nos apartar dele.
O que é ser muito mais velho, muito mais velha que alguém? Por ter tido essa ilusão, um dia, deixei de viver momentos maravilhosos, desfrutar de uma felicidade única preocupada com um dia que, ao final, nunca chegou... O que realmente significa ter nascido 10, 15 ou 20 anos antes ou depois de alguém? São referenciais mentais, culturais, sociais, nada mais. E se o referencial é cultural e compartilhamos desses valores, não temos a mesma idade?
Começamos uma nova vida a cada dia, a cada nascer do sol. Só não teremos mais tempo para recomeçar quando o Ceifeiro do Senhor chegar! Até lá estaremos recomeçando a cada dia, queiramos ou não, não há escolha!
Na cultura oriental é uma honra ser mais velho, na cultura indígena idem. Os que viveram mais têm a sabedoria dos muitos sois que se levantaram e se puseram, viram muitos invernos e o ressurgir da primavera muitas vezes, possuem o sabor dos vinhos longamente amadurecidos, a beleza dos caminhos percorridos polida pelas lagrimas que lavam e purificam a alma. Na cultura ocidental, dita civilizada, é feio ter muitos dias de vida, é depreciativo. Não poder mais gerar deixa de ser um sinal de que você foi promovido para o conselho dos anciãos, da sabedoria do clã, para significar que você é uma mesa velha que deve ser encostada...
Meu ser se recusa a aceitar uma tamanha limitação a algo tão grandioso quanto o ser humano.
Sed fugit intereaa fugit irreparabile tempus! ( "Mas ele foge: irreversivelmente o tempo foge"),diria Virgilio na Roma antiga, todavia Tempus regit actum, e se o tempo rege os atos, sejamos felizes hoje, sem amanha, sem tempos, sem idades ou limitações que não sejam as do querer, as da alma, as do ágape que é viver!

(yes, yes) and the moment I see you
(yes, yes) it's so good to be near you
(yes, yes) and the feeling you give me
(yes, yes) makes me want to be with you
(yes, yes) from the moment you tell me – yes
(…)
(yes, yes) and the moment I see you
(yes, yes) it's so good to be near you
(yes, yes) and the feeling you give me
(yes, yes) makes me want to be with you
(yes, yes) if we wait for an answer
(yes, yes) will the silence be broken
(yes, yes) should we wait for an answer

(Tempus Fugit - Yes)