quinta-feira, dezembro 26, 2013

Um homem lindo

Vejo um homem lindo que caminha em direção à minha casa e meu sorriso se abre. Meu coração dispara e minha pele se eriça na antevisão do seu toque, na lembrança do seu cheiro... Repentinamente tudo fica iluminado, como se eu andasse entre raios de sol. 
                                      Abro aporta e o homem lindo me sorri, me beija no rosto de forma cordial e entra em minha casa. Deliciada, vejo-o desembaraçar-se de seus pertences sobre o aparador. Ele é um ornato perfeito na modesta decoração de minha casa.
                                      Seus braços fortes me enlaçam e sua boca quente e macia se apodera da minha como se tentasse chegar a minha essência. Nossas bocas se buscam com avidez. O encaixe perfeito dos nossos corpos me mostra os contornos de sua virilidade e todo o meu corpo se derrama no desejo imenso de me deixar levar, seduzir, dominar por esse sonho vivo que pulou de um conto de fadas direto para minha vida. Suas mãos fortes e delicadas descem pelo meu corpo desenhando minha silhueta como um escultor cuidadoso. Percorrem cada detalhe num carinho preciso e determinado a provocar-me suspiros e ardores. Descem pelo meu flanco e voltam afastando os tecidos que lhe impedem de sentir minha pele. O homem lindo tem uma voz igualmente linda que provoca arrepios ao ressoar nos meus ouvidos em sussurros de desejos...
                                      Minhas mãos, não tão destras, movem-se libertando botões que mostram, aos poucos, um tronco largo cujo perfume me inebria. Abro seu cinto enquanto afundo meu rosto em seu peito sentindo no rosto o carinho suave de uma pilosidade macia e bem cuidada. Gosto por demais do cheiro que sua pele exala: cheiro gostoso de homem bem cuidado, de homem que sabe o que quer! Afasto suas roupas para também sentir sua pele. Tê-lo entre minhas mãos é um prazer inenarrável. Admiro seus contornos, seu desenho perfeito, tudo nele se transforma em uma caricia encantada. Observo seu corpo absolutamente proporcional, seu rosto lindo, sua boca perfeita. Não posso deixar de me sentir orgulhosa por ele ter achado graça em mim!
                                       Desde que o conheço nunca me foi dado vê-lo menos belo ou menos elegante: é puro charme e gostosura; carinho e determinação. Não há como resistir ao seu comando doce e firme, ao charme despretensioso, à beleza clássica que pulou das telas de cinema para minha cama, dos meus sonhos do passado para a realidade do meu presente. Esse homem lindo me beija a boca e acaricia meus cabelos levando-me ao êxtase em ondas sucessivas. Tomo-o em minha boca e lhe acaricio com a língua, percorrendo seus contornos, sentindo a maciez da sua pele. Trago-o intensamente e me arrepia a pele perceber o prazer que se aproxima.

                                      É lindo esse homem querido que me põe no seu peito e num carinho brinca com meus cabelos. É o amor com o qual sempre sonhei e que ganhei quando já não esperava ter. Vejo um homem lindo que se afasta de minha casa. Adoro seu jeito jovem de andar. Lentamente ele some nos contornos da calçada e uma saudade imensa aperta meu peito e lava meus olhos: tenho sempre muito medo dele não voltar!

quarta-feira, novembro 27, 2013

Sobre Relacionamentos e felicidade

Não é o amor quem sustenta o relacionamento,
 é a forma de se relacionar que mantém o amor!


                  Enquanto seu perfume se desvanece lentamente do meu corpo, seu rosto sereno e firme relembrando o adágio sobre relacionamentos vai sendo gravado na minha mente.

                  Na TV, a propaganda de uma conhecida rede de supermercados pergunta o que me faz feliz. O que te faz feliz: um raio de sol, banho de chuva, sorvete de chocolate, o que te faz feliz?

                  Minha resposta é rápida e nem mesmo requer pensar: o que me faz feliz é lhe fazer feliz, é ver seu sorriso quase infantil, de canto de olho, pendurado entre os lábios... E a essa resposta sucede-se, de forma imediata, a pergunta, o porquê de ser lhe fazer feliz o que me faz feliz!
                 
                  Quando atingimos o meridiano da vida aprendemos que a vida não pode ser concêntrica, ninguém pode ser o centro do nosso universo ou estaremos fadados à dor e ao sofrimento, então, se minha vida nãogravita em torno de você, porque o que me faz feliz é fazer você feliz?

                  A resposta singela é também complexa, como todas as coisas que dizem respeito à essência do ser humano.

                  Fazer alguém feliz é algo muito simples e também muito difícil, exige sensibilidade e dedicação, mas não pode exigir esforço, apenas dedicação e aprendizado, atenção e carinho, carinho sobretudo.

                  Não é necessário dar um super brilhante, uma ilha milionária, um carro, joias, roupas caras, não, isso não garante a felicidade a ninguém, são apenas extravagâncias, muitas vezes reflexos de um amor a si mesmo que se disfarça em amar o outro.

                  Para fazer alguém feliz basta que se esteja atento ao que a pessoa diz, que se esteja realmente interessado em partilhar suas preocupações, seus afetos, suas vitórias, que se tenha braços abertos para acolher suas derrotas, um colo para suas lágrimas, um beijo para suas dores e um abraço capaz de remendar seu coração...

                  Coisas simples como trazer um copo d’água sem esperar o outro pedir, esquentar a água do banho, partilhar o céu e seus espetáculos, explicar os fenômenos sem deles tirar a beleza, são pequenas grandes atenções capazes de nos fazer felizes, pequenas grandes coisas que não tem preço e com as quais você me brinda todos os dias, de uma ou outra forma.

                  Talvez seja por isso que sou feliz quando consigo fazê-lo um pouco mais feliz, quando recebo um “brigadão” ou vejo aquele sorriso lindo escondido no canto da sua boca e lá no fundo da sua pupila vejo aparecer o menino travesso pendurado no galho da goiabeira: Porque eu sou feliz quando estou ao seu lado, eu sou feliz com você, muito feliz, como nunca fui antes!

                   Você faz com que eu me sinta especial, diferente, quase criança e ao mesmo tempo adulta, segura, feminina, mulher! É impossível estar ao seu lado sem o coração disparado, sem os joelhos tremendo, sem todos os sentidos em alerta...É impossível estar ao seu lado sem imaginar que se você me abraçar o tempo para e nada, nada mesmo será capaz de me atingir!


                  Por isso gosto de lhe fazer feliz, porque você me faz feliz!      

sexta-feira, novembro 08, 2013

A canção da Chuva


Meus olhos param sobre você e ficam absortos. Você é uma miragem de beleza e elegância que me prede como um ímã, como o olhar da fera que mira sua presa. Acordo num átimo voltando a realidade que nos cerca sob a luz do seu sorriso.
                Minha vaidade se sente acariciada ao caminhar ao seu lado entre os transeuntes do lugar. Absolutamente ninguém, homem ou mulher, está tão bem, tão belamente acompanhado quanto eu.
                Enquanto meu cérebro mantém o foco no trabalho, meu corpo inteiro reage a sua presença e tenta desviar-me da razão. Quero ardentemente parar tudo e ficar ali, só olhando você, apenas me deliciando com sua presença, mas, certamente, haverá tempo para isso, depois.
                Saímos e a chuva forte concentra sua atenção. Aproveito para olhar sem pejo, admirar longamente sua imagem ao meu lado. Você traduz muito mais que atributos externos de beleza e elegância: induz segurança, confiabilidade, proteção e carinho, competência, certezas, sinceridade. Seu sorriso é juvenil e há leveza no que e como conversamos enquanto lá fora a chuva cai como mesmo vigor que experimento nos seus braços.
                Em nosso pequeno pedaço de mundo, nosso refúgio de olhares indiscretos, mal posso aguardar que se abram as portas para sentir sua boca cálida sobre a minha, esse corpo que tanto admiro e amo a amparar-me ao tempo em que me lança em volutas infinitas de prazer.
                Rendida a força do carinho e da ternura que recebo, me entrego inteira. Nada é tão admiravelmente delicioso quanto ser seu objeto de prazer e mergulhar junto nesse lago que lhe comprime as pupilas, mas dilata o mais belo sorriso em seu rosto.
                A imagem que o espelho reflete alterna entre um rei poderoso e um menino arteiro, ambos delicadamente lindos, sensualmente desejáveis, ardentemente amados.
                Seu abraço e a canção da chuva lá fora. Canção que nós dois escutamos. Suas histórias, seu sorriso. Seu cheiro em minha pele, mesmo depois do banho. A volta e a chuva que não para de cair... Lembranças que a canção da chuva agora traz mais fortes.

quinta-feira, outubro 10, 2013

Eu quero, mas não sei como!

- Sou como você: quem sabe e quer, me leva aonde e como quer... 

- Eu quero, mas não sei como....

            Mergulhada entre os aromas que permeiam os meus lençóis, recordo cada momento: a magia de cada palavra que saiu de mim sem que eu tivesse pensado nela previamente, que fluiu do mais profundo sem que eu fizesse força, sem que eu temesse por elas, simplesmente foram se arrumando uma atrás da outra e dando forma a tudo que eu sinto há tanto e tanto tempo e, olhando para esse novo texto, esse que não foi escrito, penso que não saberia tê-lo produzido se seus braços não estivessem a minha volta, se não tivesse sentido sua disposição em me ouvir, seu carinho, sua abertura...
            Li em algum lugar que a mais bela e mais difícil nudez de uma mulher não é quando ela se despe de toda roupa e mostra seu corpo em toda a sua intimidade, mas a que acontece quando deixa cair todas as suas mascaras e abre a sua alma diante do homem que elegeu como digno dessa revelação!
            Sempre tive certeza de que nunca faria isso. Nunca me mostraria como realmente sou, o que realmente sinto, nunca deixaria que meus sentimentos fossem visto, jamais me exporia para não me deixar machucar e aí você chegou e suas mãos hábeis foram me abrindo camada a camada, eu aprendi a confiar em você de uma forma tão total que sem perceber estava ali me mostrando por dentro:minhas preocupações, meus medos, da forma exata como são, sem precisar procurar palavras, sem precisar de rodeios, técnicas, subterfúgios...
            Não mais que de repente, o êxtase foi maior e a plenitude se instalou como a mansidão de um regato que brinca com seixos sob a sobra das árvores e eu não teria conseguido nada disso se seus braços não estivessem a minha volta, se você não estivesse disposto a me ouvir, a me escutar, a nos acolher.
            Eu não poderia ter recebido um presente tão perfeitamente maravilhoso quanto você e tê-lo recebido como e quando recebi, quando já não acreditava em mais nada e já não esperava mais nada – principalmente ter você – foi uma delicadeza pela qual nunca vou deixar de ser agradecida.
            Eu ainda sei que quero, eu ainda não sei se sei como, mas sei que você pode me ensinar e confio que vai fazê-lo. Sei que o caminho é ter seus braços em volta de mim e todo o resto se acerta.
             Obrigada por me mostrar que a vida não precisa ser um MMA e que é possível, sim, que um fale e o outro escute sem que isso queira dizer que existe um dominado e um dominador, mas sim que existem duas pessoas que querem a mesma coisa e a querem juntas.

            Obrigada por tudo que tem me ensinado, mostrado e me ajudado a descobrir: é muito bom amar você, apesar de todas as nossas dificuldades!

terça-feira, outubro 01, 2013

Porque?

"Amor é quando a gente cede a sua vida para outra pessoa, é quando damos a essa pessoa o direito de nos destruir, acreditando que ela nunca o fará. Eu cedi a minha a você e não me arrependo porque ninguém poderia cuidar do meu coração tão bem quanto você! Você desistiu, porque?"


Dizem que quando se está em alto mar e aparecem as grandes tormentas, principalmente os furacões e maremotos, os capitães inteligentes ao invés de ficar na borda, singram para o centro, para o olho da tempestade onde sabem que há calmaria e o equilíbrio das forças que lhe permitirão sair do revés... Estou assim, a procura do caminho que me leve ao olho do furação, mas de bussola quebrada não sei o caminho a seguir!
            Atordoada, sem rumo, sem prumo pela pancada que me desferiu a ventania, que desarrumou o convés, que quebrou o mastro da vela principal, tento equilibrar o barco, segurar o leme com força para chegar ao olho do furacão, mas me sinto impotente sem as amarras que me seguravam no rumo certo!
            Como andar no escuro que se fez de repente sem a luz do seu olhar? Como falar sem as palavras que irão embora junto com a tua voz, a voz que me mostrou a primavera em pleno inverno, voz que coloriu as palavras cinzentas únicas habitantes de meu universo morto?
            Estou perdida sem seu abraço acolhedor e sinto medo da noite fria que bate na soleira da minha porta. Tenho olhos secos por já terem chorado tudo, mas a alma ainda dói uma dor sem fim,  uma dor que só poderia ser sufocada pela sua boca, sanada pelo seu abraço, apagada pelo seu corpo.
            Sim, eu sei que tudo começa e termina, sim, é fatal o faz de conta terminar assim, mas eu não estava preparada, não ainda e como na canção que toca no rádio eu me pergunto como louco o que a vida vai fazer de mim?
            Se você precisa do carinho que já lhe dei e ainda tenho disponível para lhe dar, porque não o quer? Porque me afasta, porque de alguma forma tem medo de mim? Porque é mais fácil nos atirar no abismo do nada que consertar o que temos?
            Mergulho numa queda livre, no abismo profundo de um nada, de uma vida que volta a ser sem cor, sem palavras, sem sorrisos ou brincadeiras infantis... Volto ao status quo ante onde não havia nada, ao caos primordial onde não há vontade de lhe procurar em outros braços porque sei que não vou encontrar!
            Tudo que sei fazer é lhe querer, é desejar seus braços, abraços. Tudo que queria era apenas o céu de me ver dentro dos seus olhos novamente, mas você me fechou as portas, todas elas e me atirou no abismo do nada, na queda livre do esquecimento onde pensei que fosse forte o suficiente para ficar, onde tenho que ser forte para me equilibrar, mas como faço isso sem você?
            Nem sei o que estou falando, as palavras estão indo embora, como você, com você, ela foram com sua voz!
            A única coisa que ressoa insistente nesse imenso vácuo da sua ausência é o eco que repete a todo instante: Porque????

segunda-feira, setembro 16, 2013

Cantiga de Amor

            - Encanto-me com a forma simples e terna, quase ingênua, como você o ama! Diga-me, amiga, sinceramente, o que mais gosta nele? O que desperta essa emoção, esse sentimento?
            - O mais gosto nele? Ele!
            Gosto do seu rosto sério que esconde um sorriso no canto dos olhos, na curvatura dos lábios que só com muito treino se consegue ver, gosto da sua voz de comando que possui tanta ternura quanto uma,  brisa de primavera no final da tarde...Gosto dos seus beijos famintos e ternos, das suas mãos que invadem meu decote, derrubam barreiras, penetram intimidades e depois se desfazem em gentil tamborilar pelas minhas costas, num carinho ritmado que percorre meu dorso.
            Seus braços fortes me prendem em alças para nos lançar no mais profundo deleite, mas jamais são capazes de o fazer de forma agressiva, ainda que lhe sugira um pouco mais de força, para em seguida fechar-se em torno de mim parando o tempo e afastando toda dor, todo perigo, para fazer com que me sinta segura e protegida quando se encaixa em mim em um côncavo e convexo perfeitos.
            Amo a doce e crescente agitação que nos invade quando nos tocamos, que explode na fome que nossos corpos sentem mutuamente mas que volta como serenidade paradisíaca por meio desse mesmo toque após a saciedade dos instintos inflamados e a palma do seu pé no verso do meu é como um beija-flor na corola de uma orquídea!
            Você me pergunta o que me desperta tanta ternura, o que mais nele me encanta e eu lhe digo que minha alma o escolheu antes mesmo que eu o conhecesse, quando imaginei alguém para um dia estar ao meu lado, foi a ele que imaginei.
            Lembro-me da primeira vez que o vi e como meu corpo e minha mente reagiram, como fiquei paralisada olhando para o homem com quem sonhara minha vida inteira parado ali, a minha frente e tão inacessível como uma estrela no céu... Sua voz era exatamente como eu a tinha na mente, seu porte, sua forma de ser. Brincava sempre de uma forma séria, mas transmitia um calor, uma quietude, uma paz que era inexplicável!
            Eu já o havia visto muitas vezes, em filmes, mas não imaginava que existisse realmente. E enquanto os dias se passavam e nossa convivência – ainda que superficial – aumentava eu olhava e pensava: nasci atrasada, esse era o homem com quem sempre sonhava!
            Os anos se passaram, os caminhos se mudaram, curvas e curvas após nos reencontramos e ele ainda era o homem pelo qual minha alma ansiava e  que agora vinha ao meu encontro, como dizer não?
            E a medida que os dias passam descubro que ele tem o cheiro que sempre imaginei, o toque que eu buscava, a força doce que sempre desejei. Não me é custoso fazer o que lhe agrada porque esse é o meu movimento natural, porque assim deve ser quando nossa alma encontra a sua outra face mesmo que eu não seja a outra face dele! Esses são mistérios de Deus e para tal não há entendimento.

            Você me pergunta o que mais gosto nele? O que nele me enternece? Ele é aquele por quem suspirei toda a minha vida, eu poderia dizer, parafraseando o poeta entre todos os poetas que cantou o amor, que Procurei o amor da minha vida, procurei sem jamais encontrar. Encontrei o amor da minha vida, encontrei e não vou deixar jamais!

quinta-feira, agosto 08, 2013

Medo Noturno

                Acordo no meio da noite e minha cama é demasiado grande sem você, Sinto frio e não sei ao certo se está frio ou se o frio que sinto é a sua ausência. Há dias não nos vemos. Muitos dias no meu calendário particular. Sem culpados que não seja a própria vida, isso não diminui a saudade, a falta ou a urgência em lhe abraçar.
            Sei que você está machucado. Seu corpo físico está machucado, mas sua alma também está. Você não quer falar disso e tenho que respeitar, então me calo. Em todos esses anos que caminhamos juntos enfrentamos muitas tempestades e também tivemos momentos, a maioria deles, de bonança e alegria, de gozo e fruição. Todo o tempo você foi o presente de Deus que me deu suporte e segurança. Repousei em você nos piores e mais difíceis momentos com a certeza da sua proteção, ainda que discreta. Queria muito que fizesse o mesmo, que soubesse que também sou forte e posso apoiar você.
            Ao longo desses dez anos envelhecemos com certeza. Temos mais cabelos brancos e nossa pele não tem o mesmo frescor. Minha cintura perdeu centímetros relevantes e minhas mãos já denunciam o passar dos anos, mas quanto retenho o seu rosto entre minhas mãos, o que vejo é o mesmo rosto que me tirou o fôlego há vinte anos...
            A voz que sussurra aos meus ouvidos conduzindo-me ao êxtase é a mesma que há dez anos deixou meus joelhos trêmulos quando atendi o telefone do Gabinete, nada mudou. Ainda meu coração dispara numa louca cavalgada quando vejo sua figura que se aproxima e como naquele dia em que quase não consegui descer as escadas da Defensoria, ainda me pergunto se estou adequada e se vou lhe agradar.
            O seu sorriso me deixa tão criança quanto sempre deixou e quando sinto seu corpo sobre o meu, penso, hoje, como na primeira vez, que você é tudo que eu sempre quis. É meu sonho realizado, concreto.
            No silêncio da noite, enquanto a saudade é como uma chuva fina que cai insistente, lanço meus braços pela imensidão que nos separa para tentar alcançar seu colo e encaixar-me no seu amplexo.
            Não quero pensar no que encontraria se pudesse fazer isso, luto contra um medo insidioso, que se instala, de perder você, de tudo não passar de um sonho que sonho sozinha, de uma miragem da qual vou acordar a qualquer momento.
            Abro e-mails antigos, afogo-me em palavras carinhosas, pores de sol descritos com carinho e saudades, para afugentar todas as ideias que a sua falta tenta impingir em mim.
            Nesse momento tenho urgência de lhe abraçar. De sentir o calor que emana gostosamente da sua pele, não para, como dizem os espanhóis, “acostarme”, mas para sentir-me segura, guardada na imensidão do seu peito gostoso. Sentir seu cheiro, sua pele contra a minha, seus braços que se fecham ao meu redor deixando seus dedos tamborilar na minha coluna...
            Exatamente agora tenho muito medo, mas não sei de quê – ou talvez saiba só não queira admitir – e seu abraço seria o refugio perfeito para mim. Nele poderia silenciosamente readquirir a altivez que você chama de rebeldia.

            A ausência tem um peso grande. Paradoxalmente você foi a única pessoa que conseguiu me ensinar o significado de ter alguém, ser de alguém, pertencer a alguém...Talvez por isso eu tenha tanto medo agora!



sexta-feira, julho 12, 2013

A verdade só tem sentido quando é dificil admiti-la!

Como geralmente acontece, cheguei em casa, – deliciando-me com o aroma impregnado na minha pele- busquei  o aconchego dos lençóis para me deixar embalar pelas lembranças da tarde, repassando cada detalhe, cada pequena minúcia que meu cérebro registrou. Sentia em  mim que havia algo que necessitava ser dito, mas o calor das emoções, a força do momento,  fez desaparecer as palavras com medo de quebrar o encanto.

            Afundei  meu rosto em seu peito e me deixei descansar, quase sem conseguir respirar, prolongando ao máximo essa etérea sensação de magia, esse momento em que todas as grandezas físicas se diluem no éter e somos quase deuses!

            Em casa, sob o comando da razão, perscrutando cada momento à luz da inteligência, pude reviver todos os momentos sob uma nova perspectiva, novos sentires e agora encontrar as palavras que, se naquele momento não poderiam ser ditas, agora se alinham de forma mais inteligível, ainda que teimem em sair aos borbotões.

            Um desses autores, cuja leitura se encontra em moda, escreveu em um de seus romances a seguinte passagem: “E sei que passei todas as vidas, antes desta, procurando você. Não alguém como você, mas você!” E lendo essa citação foi que comecei a entender o que queria dizer e não sabia, não sei se por medo do encanto, se por pejo ou pudor de revelar-me mais que o necessário, mas começo por aí, começo citando o romancista do momento que, embora não faça meu gênero de leitura, disse exatamente o que eu queria e não conseguia dizer.

            E porque penso que por todas as vidas procurei por você? Não alguém como você, mas exatamente você? Nenhum dos homens que atravessou os 50 km de vida que já trilhei se parecia com você, nem física e nem emocionalmente, nenhum nunca se assemelhou a você e minha alma andou vagando, sempre buscando o que a completava, o que queria, o que a acalentava e  um dia encontrei alguém que sabe, sempre, exatamente dizer o certo para fazer com que eu me sinta bem, que sabe fazer sobressair o que de melhor há em mim, que saca, pelos meus olhos, as palavras que minha boca nunca diria...

            E em tua boca palavras que antes eram repulsivas, que eram inadmissíveis para mim, soam normais, sedutoras, atingem-me com a doçura de uma brisa, a delicadeza sensual de um carinho, a avalanche de um furacão  que me faz estremecer e mergulhar no profundo de mim mesma para voltar de um transe que eu própria desconhecia!

            Há muito em mim que não conheço, há mistérios que você desvenda  como se fossem seus e sendo-os meus, encanta-me ver como descobre em mim coisas que ignoro, e absorta no luzeiro dos seus olhos só consigo admitir que tem plena razão!

            E quando seus braços me abraçam – protegendo-me das sucessivas ondas de frio e calor – o mundo se torna um lugar seguro onde não temo o futuro porque ainda que não lhe veja você estará sempre comigo, ao meu lado.

            Sou obra imperfeita, ainda, das suas mãos hábeis. Como paciente escultor,  vai trabalhando a pedra bruta, lapidando suas arestas para que se torne a obra de arte perfeita, a sua criação e me deixo moldar, porque me sinto enriquecida pelo seu talento, pela sua arte que me faz melhor.

            E quando reflito sobre todas as coisas, todos os dias, todos os momentos, tudo que sei é que atravessava a vida sem sentido, sem razão, pela convicção de que não a podia interromper, mas depois que encontrei você entendi que tudo que me aconteceu desde que eu nasci me preparou para esse momento, o momento de lhe encontrar, tudo me preparou para o momento em que seus braços se fecham em torno de mim e sua boca sussurra ao meu ouvido: você gosta?

quinta-feira, junho 20, 2013

Acerca de Proust e outras reflexões

Eu tinha cerca de 13 anos quando recebi uma carta do meu tio-avô Augusto Tenório onde ele me dizia que as ideias de passado e futuro são meras ilusões que criamos para suportar a ansiedade do fluir das horas, na verdade só existe o presente e tudo mais são projeções que nossa mente cria para suportar a pressão do tempo que se esvai.

Foi a primeira vez em que ouvi falar de Proust e sua obra Em busca do tempo perdido. Sete longos volumes em que o autor buscou alcançar a substancia do tempo para poder escapar à sua lei a fim de apreender a essência de uma realidade escondida no inconsciente e recriada pelo pensamento,  para ao final descobrir que só existe o agora.
                      Para que meu cérebro incipiente alcançasse o que ele me explicava, tio Augusto me fez uso de uma imagem alegórica que consistia em servir o prato para almoçar, situação singela e de muita pedagogia para meu entendimento infantil de algo tão complexo quanto nossa relação com o tempo. Em seu exemplo ele me dizia que só existe o movimento de servir o prato enquanto o servimos depois tudo acabou e ninguém nos garante que almoçaremos, por outro lado, enquanto enchemos o garfo só isso existe pois entre enche-lo e levá-lo a boca o mundo gira 360º e tudo pode mudar, por essa razão devemos sempre saborear cada garfada como sendo única e a ultima, pois verdadeiramente só existe aquela que se encontra em nossa boca e tudo mais são expectativas. Não compreendi, embora tenha entendido, mas tio Augusto era um homem sábio e culto e guardei a lição.
                    Passaram-se os anos e um dia, diante de um problema no trabalho, meu chefe me disse com toda convicção que o que lhe importava era minha conduta da porta de nossa sala para dentro, para fora não lhe dizia respeito, era minha vida particular e, desde que não afetasse o meu trabalho não era da sua alçada. Acrescentou ainda, com um carinho que na ocasião não fui capaz de mensurar pelo vexame da situação, que se um dia eu encontrasse alguém disposto a dividir comigo carinho e ternura e essa pessoa estivesse disposta a me respeitar e considerar, não hesitasse, pois respeito, carinho e ternura eram as coisas mais raras na face da terra. Fiquei muito agradecida àquele homem grande e de voz gutural, mas que tinha tanta ternura no falar. Eu tinha  muito medo dele, mas naquele dia me senti como se tivesse sido colocada no seu colo e protegida como um bebe!
                         É certo que não entendi completamente o que ele me disse: como respeito, carinho e ternura poderiam ser as coisas mais raras da terra? Eu era mãe há pouquíssimo tempo e estava plena de tudo isso, mas guardei a informação. Ele me pareceu ser alguém que sabia das coisas...
                      Hoje, aqui, metaforicamente segurando suas mãos entre as minhas, recordo essas lições para dizer-lhe que o tempo que existe é o agora: nem o ontem e nem o amanhã!
                         O que realmente me importa é o momento em que você atravessa o portão da minha casa, casa cujas chaves lhe entreguei por livre e espontânea vontade, tudo o mais, tudo o que fica para além desses portões é sua vida particular e desde que não interfira aqui dentro, não é da minha alçada, a menos que seja seu desejo compartir.
                Quando sento nos seus joelhos e cavalgo suas pernas excitantemente másculas, mantendo seu rosto entre minhas palmas, e sinto suas mãos que deslizam pelas minhas costas é que a vida começa a acontecer!
                         O que importa realmente é o cheiro que que você exala quando saciado se estende sobre o mim, o perfume de que fica impregnada minha casa, minha pele, meu corpo...
                    O presente, a garfada da qual meu tio falava, é aquele momento exato onde seu cérebro percebendo, por mecanismos atávicos, o desejo que se acende no meu corpo, dilata sua pupila, acelera seu coração e nos une num só ritmo. É nesse átimo, enquanto nossa consciência se transporta aos imemoriais tempos das cavernas, quando sua mão me segura como posse e propriedade reais, que o amor se derrama sem censuras ou culpas e a vida existe plena e ilimitada.
                       Não há ontem e nem amanha, apenas o agora e ele deve ser aproveitado como se não fosse possível repeti-lo sob pena de lamentarmos, como Proust fez, o tempo perdido, o tempo que não existe e nem pode ser recuperado.
                        Perdemos uma semana inteira, talvez percamos outra, e quantas temos guardadas em nosso alforje de vida? Não sabemos, o taifeiro da vida nos é inacessível e só ele sabe o que colocou em nossa sacola de suprimentos de dias. Amanhã poderemos, olhando o corpo inerte do outro, lamentar por não termos estado por mais tempo com ele/ela, por não termos beijado mais, abraçado mais, dito palavras carinhosas, deixado a vida fluir sem nos preocuparmos com as mazelas cotidianas...Será tarde nesse momento: o tempo não volta, não temos uma segunda chance para passar a vida a limpo!
                       Seu rosto entre minhas mãos, sua mão nas minhas costas, seu corpo entrelaçado ao meu é a realidade palpável, “real”, para nós. Degustemos – la como crianças que descem pelas curvas do arco-íris!


domingo, junho 16, 2013

Tu nella mia vita...

                                                              Os anfitriões abrem as comemorações. Deslizam suaves como se tivessem  quinze anos,  sua primeira valsa, seu primeiro baile. Ela está radiante, tem os olhos brilhantes como uma adolescente cujo paquera atravessou o salão e a tirou para a primeira dança.
            Entre olhares, as pessoas conversam com tranquila intimidade. A música  ajuda a criar a magia do momento, tudo se parece com um sonho até mesmo a suave nuvem que envolve o ar.
            Você segura minha mão e sorri, levanta-se e puxa minha cadeira. Encantada entendendo o convite silencioso. Tomamos a pista e é como se o céu se abrisse: sei que ninguém está tão feliz nem tão orgulhosa como eu!
            Enquanto deslizamos entre os pares, penso como é bom olhar seu rosto aqui tão perto de mim, sinto seu cheiro e já não preciso sonhar porque você é real e está aqui, ao meu lado, a minha frente. Seguir você não exige esforço, é um movimento natural do meu corpo, do meu ser. Toda a minha vida está resumida aqui, nesse abraço que me enlaça, na alegria de poder contemplar sua face tão de perto, de desfrutar pequenas alegrias, doces momentos ao seu lado.
            Acomodo minha cabeça no seu ombro largo, capaz de suster o mundo para defender os seus e me aconchego mais a você sentindo essa deliciosa proximidade ... Meus olhos se enchem de lágrimas emocionadas.
            - Tudo bem?
            A mão que toca meu braço é carinhosa e plena de atenção e espanto, mas não é sua, não pertence à cena como também não é sua a voz que me inquire.
            Sorrio  enxugando com discrição as lagrimas que insistem em rolar:



Champagne per brindare a un incontro 
con te che già eri di un'altro (...)
(...)Io che amo solo te...

           Não, você não está aqui foi só um voo da minha alma tão cheia de saudades que lhe imaginou tão real que percorreu o salão nos seus braços, sentiu seu cheiro e caiu abrupta na realidade.

sexta-feira, maio 24, 2013

Et si tu veux venir, il nous reste à faire encore du chemin

Et si tu veux venir, (...)
il nous reste à faire encore du chemin
Pour aller voir briller une étoile nouvelle.
Je déclare l'état de bonheur permanent




                Penso que cada um de nós é uma delicada caixa preta que possui uma chave única e perfeita no universo. Alguns, inadvertidamente, tentam abrir-se com chaves erradas que se quebram por dentro e causam estragos inomináveis, outros  encontram chaves mestras que embora pareçam certas ,não o são, apenas são capazes de delicadamente forçar a fechadura parecendo tê-la aberto... A chave mesmo, aquela que abre todos os compartimento é única, não tem cópia, não tem similar e só ela tem acesso a todos os compartimentos recônditos do ser.
                Alguns passam toda a vida sem a encontrar, sem nem mesmo saber que ela existe, outros a encontram logo, ainda na juventude, o mais normal é que nos deparemos com essa chave passados alguns anos e percorrido já um bom período da vida.
                Fui uma dessas pessoas que sempre imaginou que minha chave não existia, não obstante ao longo dos anos ter tido diversos relacionamentos e alguns bem fortes. Deus me agraciou com lindos e amados filhos, uma vida produtiva e muito abençoada, algumas paixões, outros sentimentos mais consistentes, mas nunca a sensação de completude, nunca a impressão de ter achado a chave que me abria por inteiro...
                E eis que me encontro aqui, ainda deslumbrada pela doçura e força do nosso ultimo encontro, pensando na existência de uma chave exatamente adequada a mim!
                Existe enfim alguém que não me tira o fôlego cotidianamente porque me dá paz, porque não me sufoca, embora as vezes me agaste; existe sim, alguém capaz de me incentivar e de tirar de mim o meu melhor, seja ele físico, psicológico ou intelectual!
                E como é bom me entregar a essa força, a esse comando doce e terno que me desperta todos os dias para ser um pouco melhor, que me põe cor nos olhos e sonhos na alma e não me importo se todas as impossibilidades me acenam sorridentes, sou de desafios e a batalha não me assusta: um dia de cada vez e a certeza de que todos os dias serão um só.
                O tempo que lhe assusta, não me mete medo. Já estive do lado onde você está e hoje vejo o tamanho dos fantasmas que me assombravam, eram só fantasmas. Não me deixo machucar pelos seus temores, são apenas receios que também já tive e já  magoei pessoas queridas com eles. Beijo-te os lábios na tentativa de os espantar.
                Minha chave preciosa, nada tão firme quanto a doçura do teu abraço; nada tão pleno quanto nossos corpos entrelaçados, quanto me ver dentro dos teus olhos que sorriem de uma forma tão peculiar...   À indagação de como será quando acabar o esplêndido balé que encenamos juntos, responderei sempre que isso é algo que nunca acaba, apenas muda a forma, pois sempre será possível olhar nos teus olhos sorridentes e me ver dentro deles, estar ao alcance do teu abraço, do teu colo, enquanto assim o queiras.
                Um balé é feito de muitas etapas, a dança em si é apenas uma delas, a mais visível, mas há outras igualmente belas.
                Minha chave de esmeralda, se a perder certamente não haverá outra capaz de me abrir.

sexta-feira, maio 03, 2013

O que lhe faz feliz?


               A propaganda pergunta: o que lhe faz feliz? Banho de chuva, sorvete, sorriso de crianças, o que lhe faz feliz? Conte pra gente, nós queremos que você seja feliz...
                Paro e penso: o que me faz feliz? Muitas coisas me fazem feliz, você me faz feliz... Dentro desta linha, o que me faz feliz?  Sorrio e um arrepio me eriça a pele com a lembrança exata do que me faz feliz. Imagino seu rosto e seu sorriso escondido nos cantos dos lábios enquanto escrevo.
                Sensorialmente, o que me faz feliz é seu corpo colado ao meu num encaixe perfeito, numa complementação, num ritmo próprio que você conduz com uma maestria ímpar.
                É quando me lembro do seu corpo completamente contraído, tenso, segundos antes da explosão final,  quando lembro dos seus braços me segurando como alças de um colete salva-vidas ou quando imagino suas mãos maravilhosas tensionando meu cabelo, que entendo a resposta à pergunta do apelo publicitário: o que me faz feliz é saber-me  capaz de lhe proporcionar prazer de uma forma tão deliciosa, é a capacidade de me entregar de forma tão total  e sem barreiras para receber como prêmio, além do meu próprio prazer, o seu sorriso maroto , o seu corpo gostoso  saciado, o seu abraço calmante...
                E enquanto escrevo  lembro do seu abdômen contraído sobre mim produzindo ondulações deliciosas sobre meu ventre,  do seu corpo perfeitamente encaixado nas minhas espáduas, me arrepio e me inquieto porque o que me faz feliz é você e agora vc está distante...
                O que me faz feliz? Você me faz feliz!

quinta-feira, abril 25, 2013

Extase


O simples fato de saber-te chegando me põe em alvoroço. Abro a porta e meu dia se ilumina pelo mais belo dos sóis: seu sorriso carrega um potencia de mil megatons. Subo no seu colo à guisa de amazonas, cavalgo suas pernas fortes e largas. É deliciosa a sensação de sentir-me encaixada em você.

                Seu pescoço é meu apoio, seus cabelos meu arreio e toda essa beleza que vejo tão de perto é o deleite dos meus olhos, a embriaguez da minha alma e a perdição do meu corpo frágil demais para resistir a tanta sedução!
                Suas mãos são ágeis para encontrar a pele nua das minhas costas enquanto sua boca busca a minha com precisão milimétrica numa exploração deliciosa. Toda eu sou excitação e calmaria, sentimento e sensação, cada fibra nervosa distendia ao máximo, cada célula vibrando em sincrônica harmonia.

                Sou um pedaço pulsante do universo querendo dissolver-me no todo que é você! Suas mãos sobem e descem, descem e sobem. Buscam, sem aceitar ajuda, derrubar os empecilhos que atrapalham sua exploração.

                Percebo seu corpo que reage ao contato com o meu e um incêndio se opera em mim. Há labaredas que me queimam por dentro e sua boca é bem vinda para aplacar todo esse queimor.

                Num átimo você me advinha e busca meus seios: primeiro num manusear delicado e provocante, depois com os lábios ávidos, a sugar-me a alma por onde jorra o alimento. Meu corpo se arqueia deliciado e entre sussurros o convite é mais adivinhando que entendido.

                Suas mãos que me percorrem fazendo tournées indescritíveis, me arrancam gemidos, acendem desejos e vejo seu corpo, escultura das mais inspiradas, acopla-se ao meu aprofundando-se em mim em busca do mais completo prazer.

                Desmancho-me em suas mãos, não saberia contar as sensações que me percorrem até que ao seu comando irrenunciável meu corpo explode inteiro e se lança ao espaço em mil pedaços brilhantes.

                A contração de todos os músculos levanta meu tronco inteiro que se firma em você e sentir-te tão solido sobre mim, tão capaz de suster-me, aumenta ainda mais esse frisson. Sou toda prazer, toda mulher, toda para você... Obra de arte sua, subo e desço mil vezes, admirando sempre esse espoca frenético de luzes!

                Exausta fisicamente, completa na minha essência, descanso no aconchego do teu abraço até que você me vira e começa tudo novamente...

quarta-feira, abril 24, 2013

Admiração


Hoje não fui à janela ver você se afastar, preferi  ficar deitada a desfrutar um pouco mais da sua presença  impregnada em nossos aposentos. Há toda uma trama de cheiros que se esparramam pelo chão, pelo ar, na pele e em tudo que você toca.
                               Fecho os olhos e todas as imagens voltam. Seu sorriso, seu toque, suas brincadeiras, seu colo gostoso: amplo, largo, potente. A virilidade e a ternura que simultaneamente exalam de você e meu peito se alarga numa alegria quase infantil.
                               Não há espaço para conter em mim tudo que sinto, toda essa alegria e admiração, todo esse orgulho, todo esse sentir que explode em mim quando lembro do seu porte,  do meu corpo enrodilhado no seu, meu rosto escondido na maciez deliciosa dos seus pelos ... Sorver o seu cheiro e sentir o toque dos seus dedos, nossas pernas entrelaçadas num fecho perfeito.
                               Não preciso ver seu rosto para saber sua expressão quando sorrir acolhendo minhas observações de suave admiração: tão lindas as suas mãos colocadas paralelas ao meu rosto, tão perfeitos os seus braços como colunas inabaláveis!
                               Recuo no tempo e olho para mim ontem e hoje, com e sem você, e não consigo entender como existi por tanto tempo assim, sem graça, sem vida, sem conhecer  o êxtase da entrega , a totalidade de ser quem sou e gostar do que sou.
                               Lentamente construo a sua imagem como um paciente jardineiro que cuidou de uma arvore ressequida e sem frutos até que ela voltasse a vida. Por suas mãos desabrochei e floresci em pleno outono, de entre as cinzas de mim mesma sou fênix multiflorida que a cada dia se levanta para  agradecer a maravilha da sua existência no meu mundo!
                               Perco-me entre emoções e recordações e entre tantas coisas só sei dizer que encontrei o que procurava há tanto tempo e toda a inquietação que sempre senti  foi somente porque procurava você!
                               Perdida na curva do seu abraço posso deixar passar a eternidade, conheço algo que nunca imaginei existir: a completude!

sábado, abril 13, 2013

Inenarável


Acordo com seu cheiro enlaçado em mim, meus braços se estendem num abraço que cai no vazio, desperto e a consciência se assenta aos poucos: reflexos do dia anterior em que estivemos extraordinariamente próximos, o aroma da sua pele ainda nos travesseiros,  lençóis, toalhas, palavras doces acariciando meus ouvidos, arrepiando-me a pele com a suavidade de um veludo.
                Sorrio com toda a minha alma e meu peito se dilata pleno de uma ternura que transborda, exsuda, espalhando-se por todas as lembranças, abraçando todos os momentos, detalhes, locais, acontecimentos.
                Uma gratidão serena, por tão inesperada inserção no meu mundo, me acompanha incessantemente:  Já não consigo imaginar como teria sido se toda a beleza e suavidade que lhe acompanham não tivesse invadido meu mundo devolvendo-me as cores, os sons, os sorrisos e as brincadeiras.
                Seu abraço se reproduz na sensação de segurança que me põe no colo. Sua confiança em mim é um alento que me impulsiona para frente fazendo-me  querer ser melhor, ao menos um pouco, a cada dia.
                Entre tantas e tão novas sensações, descubro que o que sinto não pode ser descrito, não há palavras capazes de coaptar os sentimentos a imagens, períodos gramaticais, regras poéticas... Sempre, qualquer coisa escrita será muito menos do que aquilo que quero dizer, então entendo que o tal amor dos poetas, dos contos, das tragédias, não é amor, mas uma fantasia hiperestimulada, um conto de fadas às avessas porque os verdadeiros contos de fadas não conseguem ser escritos!
                O enlevo doce e terno que nos envolve na presença do amor pode  ser expresso em coisas mínimas como na oferta de um copo d’agua, na ajuda para colocar um casaco,  no ceder a cadeira da frente no carro, mas nunca conseguirá ser expresso em palavras,  talvez porque seja,  o amor, algo que se sente, não que se explica e portanto não cabe nas palavras!
                Quanto aos gestos, bem... Bom dia, meu amor! Que seu final de semana seja muito abençoado!
               
               
               
                

terça-feira, março 26, 2013

Movimento

Aos poucos minha alma vai voltando ao corpo, recuperando a densidade que a prende a terra, ao corpo, retomando consciência dos sentidos. Seu cheiro vai se reinstalando em mim, mas agora sem o afã anterior. É algo suave, um Andante, segue o compasso marcado pelos seus dedos no ritmo da minha pele.
                Abro os olhos e sua imagem descansada me causa encanto: sobre o braço reclinado à guiza de travesseiro, sua cabeça descansa suave, relaxada, olhos fechados em semissono. Tem uma expressão serena, uma criança feliz repousa aqui!
                Sorrio mansamente para não lhe perturbar. E, intimamente, me surpreende que esteja realmente aqui e não seja um mero sonho de menina... O pensamento se desloca na velocidade da luz, recua anos, décadas, pousa nos devaneios infantis dos contos de fada e avança mais um pouco para encontrar uma menina-mulher extasiada diante de um sonho inalcançável. Meus dedos se movimentam para tocar seu rosto concretizando a certeza de que é você mesmo, mas meu cérebro é rápido na lembrança do mito de psique: se  tocar sua face romperei o encanto e voarás incontinente, então aconchego-me a ti, mais um pouco, em busca do aconchego cálido que tua pele transmite.
                Meu carinho é tímido, mas minha alma se derrama pela ponta dos meus dedos. Meu coração anseia por reter esse momento mais um pouco, por deixar-te aqui ainda uns segundos, muito embora minha razão saiba quanto é vã tal esperança...
                Num Moderato perfeito ouço sua voz como um comando suave de volta a realidade, mais algumas poucas palavras e as cordas do tempo se romperão, fechar-se-á o livro até que se possa saborear o próximo capítulo, permanecendo, sempre, as gravuras que podem ser revistas a qualquer momento!
                Observo-te e uma alegria boba, infantil, me expande o peito. Não a saberia explicar, mas é composta, em grande parte, pela tua beleza pura e despojada, pela forma como me olha, por todas as coisas que compõem você. A bordo de todo o medo, não me falta a confiança no timoneiro e a esperança de atracar de forma suave no melhor porto possível.
                Teu andar elegante lembra uma peça perfeita. Presto, te observo partir e, enquanto somes na curva da esquina, me pergunto: quando voltarás? Prestíssimo, espero...