segunda-feira, janeiro 28, 2013

Pensamentos à meia noite


                A noite está quente e o sono se foi. Reviro-me inquieta enquanto busco uma forma de aquietar-me para conciliar o sono. Sua imagem surge imponente num abraço terno e meu peito se estreita numa saudade muda.
                Há quanto tempo compartilhamos momentos? Há quanto tempo seu abraço conforta minha solidão preenchendo o vazio de dias que nunca tiveram um sentido em si?
Parece que foi ontem, mas no tempo dos homens já se passaram muitos e muitos dias desde que, trêmula,  e sem entender o porque da minha reação, atendi seu telefonema, procurei aflita uma roupa e desci tímida os degraus que me levariam até o nosso almoço...
As emoções tem um tempo próprio e me parece possível estender as mãos e tocar o dia em que me roubou um beijo, cada pulo do meu coração ao ler seus e-mails, nosso banho de piscina, o chuveiro e cada outro momento que vivemos juntos. Cada partida e cada retorno, tempestades e bonanças, tudo se alinha facilmente em meu peito e se descortina aos meus olhos como se fora a retrospectiva dos últimos cinco minutos vividos!
Faço contas rápidas: passaram-se cerca de oito anos e me assusto pensando que nunca nos imaginei durando mais que três encontros!
Eu era tão mais jovem, embora vivesse enclausurada numa quase morte da qual você me resgatou!
 Meu peito se dilata numa alegria insana e ao mesmo tempo se aperta num medo igual: quanto tempo ainda temos?
 Só uma vez em toda minha vida temi o futuro e ele chegou implacável e me arrancou aquilo que eu mais temi perder... Não quero voltar a ter medo, o medo é traiçoeiro e nos arrebata justo o seu objeto, mas não consigo imaginar um amanhã onde você não está, onde seu abraço não me conforta, onde seu cheiro não me embala, onde sua boca não sufoca os soluços que minha alma teima em chorar!
Deixo a cama e venho para a varanda em busca de ar fresco. Aqui fora chove e está abafado. Busco no céu uma  luz, um conforto, mas só há nuvens pesadas de uma chuva que muda de rumo...Penso em você, em como é importante para mim, em como lhe queria aqui, agora. Como seria bom se ao abrir a porta do quarto encontrasse você dormindo, tranquilo.
O tempo é um senhor implacável, mas nós podemos fazer o nosso tempo, então ne me quitte pas, ne me quittes pas, jamé  ne me quitte pas  ainda que muitas coisas mudem – e algumas fatalmente mudarão – deixe-me construir um mundo nosso  “onde você é o rei e a lei é o amor”, deixe-me ficar ao seu lado, por todo o tempo enquanto eu tiver forças, enquanto meu coração bater, enquanto eu for capaz de dizer: Mon amour, je t’aime! J’adore, mon amour...J’adore!

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