segunda-feira, setembro 08, 2008

Desejo

A imagem no espelho enche o peito com um misto de orgulho e tesão, admiração e carinho, algo que nunca vou saber definir, mas que causa a sensação de um dilatamento no peito e um acelerar da respiração indescritíveis.

Jamais homem algum me causou uma impressão tão forte, foi tão admirado, desejado e, de alguma forma, ternamente protegido.

Caminho decididamente em pânico e o abraço pelas costas colando teu corpo ao meu. Meus braços quase não são suficientes para enlaçar o tronco largo e necessito colocar-me na ponta dos pés para alcançar o teu pescoço e sentir a pele no seu natural, roçando meu nariz na tua nuca para sentir o contato e aspirar o gostoso cheiro que dali emana.

As mãos que cobrem as minhas, deslizam pelos braços em busca do meu corpo, são fortes e determinadas, carinhosamente determinadas. Possuem uma sensualidade para a qual não conheço palavras. Alcanço o colarinho e desamarro a gravata tão bem assentada. Livro cada botão, percebendo pelo tato o peito macio que ha sob a camisa. Sem ver, toco o cinto, desatando-o e ao abrir os últimos empecilhos deslizo junto com a calça até tocar o chão. Tiro-lhe os sapatos e as meias, uma a uma, e, admirando o espetáculo que se desenha, penso que este é um homem aos pés de quem vale a pena se pôr de joelhos!

Dobro-lhe a roupa como já o observei fazer. Não que ache isso necessário, mas como uma carinho a mais, uma atenção, antes de voltar-me para um abraço.

A boca que procura a minha é quente, macia, delicada, mas desejosa, deliciosamente incisiva nos seus movimentos, na sua busca. Sinto-me afundar numa rosa colombiana, ser tomada por um torvelinho, caindo em queda livre. Despir-me acontece com sutileza e calma absolutamente sensual, como inclinar-me para beijar todo o teu corpo, centímetro a centímetro,desde a testa até os pés, numa excursão lenta, onde se pára a todo momento para admirar tão bela paisagem .

Aspirar profundamente o teu cheiro, provar do teu gosto de forma intensa, guardando-o dentro da minha boca, molhada, morna. Sugando o prazer, acariciando o sexo com minha língua, sentindo em mim as vibrações do teu próprio prazer e então voltar delicadamente para o encontro dos teus lábios nos meus, entregando-lhe o comando das sensações.

Minhas pernas em arco são o cálice onde bebes do meu prazer providenciando sempre para que ele se renove e nada é tão esteticamente prazeroso como ver a coroa que depositas em mim ao buscar em minha intimidade toda a excitação possível. Afagar a tua cabeça, sentindo a maciez dos teus cabelos e quentura aveludada da tua língua são provocações irresistíveis ao meu desejo já tão aceso pelo contato com o teu corpo gostoso.

Entrego-me ao desvario do prazer intenso e não ha. suplica que afaste a tua boca de mim até que me tenhas novamente pronta a acompanhar-te nesta viagem intensa.

Então ver teu rosto sobre o meu, sentir-me presa a envergadura dos teus braços é algo indescritível. A certeza de que nada, nem ninguém, tem força suficiente para arrebatar-me deste momento é o contraponto certo para o teu rosto entre minhas mãos, uma forma de segurar o momento, afastar a idéia de que estou sonhando.

A tua força me invade as vísceras. O ritmo dos tambores de Beltrane ressoa no meu ventre. É o rito primervo da criação, a repetição do momento em que Tupã, o grande Deus-Sol, inseriu seu cajado nas profundezas da Mãe Terra e a abençoou com a fecundidade que deu origem a vida.

Nada mais existe além do teu ritmo dentro de mim. O tempo pára, o mundo cessa e tudo que existi é apenas o comando suave e firme da tua voz que me incita a seguir-te... Olhos-nos-olhos, nos deslocamos no mesmo sentido, no mesmo compasso até que deslizamos pelas curvas mágicas do prazer .

Com a respiração acelerada, o corpo agitado, úmido, o coração acelerado, olho em volta e se o teu cheiro ainda está presente, mas você não está ao meu lado, apenas o frio e o escuro. Sonhei que nos entregávamos e tão profunda foi minha saudade e tão grande o meu desejo que meu corpo traduziu-se em saudades tuas...Que mais posso dizer além de: quero você!?

Nenhum comentário: