segunda-feira, janeiro 27, 2014

Eu e você no Jardim do Eden

(...) antes do sol partir, deixa no meu corpo a vida tatuada na alegria de um ultimo beijo
Antes do sol - Jorge Bichuetti

O carro desliza suave em um dos raros trechos de asfalto novo. O paredão de rochas coloridas, à esquerda, forma um belo contraste com o mar verde água no lado oposto. Estendo minha mão e faço um carinho nos seus cabelos enquanto penso que tudo isso deve ser uma antevisão do paraíso: desfrutar da beleza interminável em sua companhia...
            Localizamos um bom lugar para parar e descemos para uma caminhada.
            Aproveito esse precioso momento para , sem pudores, observar você. Adoro deslizar meus olhos pelo seu corpo, como se fosse um fio d’água escorrendo lentamente desde sua cabeça!
            Nunca me canso desse exercício voluptuoso de lhe admirar lenta e detidamente e sempre me surpreendo com sua capacidade de impactar-me com tanta beleza, porte e elegancia.
            Roço meu rosto no seu braço num carinho que sei que não ficará impune, embora não seja minha intenção. Erguida na ponta dos pés, busco seus lábios para um beijo moleque, mas um braço forte me alça e logo nossos corpos estão colados sob a brisa que vem do coqueiral.
            É possível sentir o desejo que nos envolve, nos arrebata, nos transforma em uma unidade viva e vibrante.
            Uma de suas mãos desliza carinhosamente firme pelo meu corpo, enquanto o outro braço nos mantem unidos, firmando-me de encontro a você. Por um segundo temo pelo nosso equilíbrio, mas lembro,incontinenti, das belas colunas gregas firmemente fincadas na areia macia da praia: não há o que temer, seria mais fácil o mar secar que você me deixar cair!
            Entrego-me sem resistência à fome dessa boca que envolve a minha, deixo-me explorar por essa mão que firme e carinhosa desata o nó lateral desnudando parte das minhas roupas.
            Nesse pedaço de Éden, Adão e Eva não sentiriam vergonha de estarem nus: a beleza é uma vestimenta natural de todo aquele que em comunhão se entrega as delicia do amor.
            Os corpos que se reconhecem também conhecem os desejos que os habita e logo a areia molhada e macia é a toalha que serve de pano de fundo à essa fome que nos devora.
            Sua boca desce suave e firme pelo meu pescoço recolhendo os pequenos cristais que o vento oceânico depositou sobre minha pele e o roçar do seu rosto na minha pele me causa arrepios de uma urgência absoluta. Ondilhas quebram aos nossos pés numa sinfonia deliciosamente doce e sensual que seus dedos regem usam como palta meu corpo ávido de você.
            Por duas,por três vezes sou arremessada no meio do oceano em um delírio intenso. Minha voz se funde com as ondas que quebram enquanto eu mesma me alço acima do mar suave e verde. Finalmente partimos juntos rumo ao gran finale navegando as costas de um lindo boto cor-de-rosa!
            Não há palavras suficientes para descrever todo o prazer que me invade, todas as variadas sensações que me preenchem nesses momentos em que, segundo a filosofia hindu, os mortais vislumbram o paraíso e percebem num átimo o que é a imortalidade da alma.
            Tudo que sei é cair exausta nos seus braços acolhedores, sentindo o inebriante e doce cheiro que você exala no pós prazer. Entregar-me a delicia desse carinho terno que me puxa de encontro a si, não como uma provocação sensual, mas como um carinho que envolve e protege.
            Aconchegados na simplicidade dos primitivos habitantes dessa terra brasilis fechamos os olhos por alguns momentos atendendo ao reclame imperioso dos nossos corpos. Seu braço sobre meu dorso me guarda e resguarda: certamente não há o que temer, sou toda e completamente sua.

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