segunda-feira, agosto 21, 2006

Desejos

Zabror, 5766

Jerrez,

Espero encontrar-lhe em paz !

Enquanto escrevo, o sol vai lançando laivos vermelhos pelo céu e tingindo de dourado as nuvens macias que brincam de correr pelo infinito!

Observo, encantada, os reflexos do sol nas fachadas das casas, dos edifícios, das pessoas...Tudo tem um ar de magia e mistério, de beleza e singularidade, que me intriga e fascina.

Gostaria que você estivesse aqui para podermos compartilhar este momento. Queria lhe mostrar que o céu, e o sol, sangram e há muita beleza nesse sangrar de vida!

Sinto, é verdade, falta de ficarmos assim, às vezes, somente olhando a vida passar, abraçados, compartilhando idéias, momentos, calor, companheirismo...

Há pouco nos falamos ao telefone e esta é outra coisa intrigante: embora estivesse morrendo de saudades de lhe ouvir, saber de você, falar-lhe ao telefone é muito desconfortante, parece-me, sempre, que nos falta naturalidade. Na verdade, o que acontece é que uma de suas peculiaridades é a de ter uma voz completamente isenta de inflexões emocionais e isto faz com que dizer “saudades” ou “traga-me a fatura 232” soa exatamente da mesma forma. É indispensável, ao falar-lhe, que se tenha o seu rosto ao alcance dos olhos para que por meio de uma análise atenta se vá lendo nas entrelinhas do olhar, da expressão dos lábios, do conjunto facial, as inflexões que as frases não contêm.

Um bom observador verá que ao dizer “senti saudades” brilha no fundo dos seus olhos uma luz suave e doce, já ao dizer “traga a fatura 232!” a luz cortante não admite réplica!

Ocorre-me que isso seja conseqüência de sua alto-disciplina, o que o torna um homem muito amoroso mas nada afetivo, ao contrário de Marcelo que é uma pessoa muito afetiva mas pouco amoroso!

Entendo-me melhor com as pessoas amorosas e não afetivas que ao contrário, talvez pelo f ato de meu pai ser assim, alguém extremamente presente mas incapaz de uma palavra doce, de um gesto de afeto expresso...Foi e é a pessoa mais presente em toda a minha vida, embora estivéssemos sempre às turras, quando eu era adolescente...risos

Assim é que sinto saudades de lhe olhar e observar bem de perto, ao alcance não só dos meus olhos como também de meus dedos e lábios! Coisa maravilhosa que é fazer-lhe cócegas na barriga e ver seu peito elevar-se com a contração dos músculos abdominais...risos...Abraçar você por tras, sentindo toda a largura da sua caixa toráxica como um convite velado a uma longa viagem de exploração, enquanto vou beijando devagarinho seu pescoço bem desenhado...

Sinto saudades de você, aqui nesse desterro que momento presente me impõe mas que espero cessar logo, logo.

Finalmente, escrevi apenas para lhe dizer que sinto saudades, muitas saudades de você e lhe enviar um beijo terno e vários outros bem sapecas

Sempre,

Sh

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